Fernando Haddad e a bolsa de valores

Fernando Haddad e a bolsa de valores
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A bolsa de valores cai e os representantes do mercado reclamam que falta energia no ajuste mesmo após Fernando Haddad anunciar um pacote fiscal de cortes em despesas e dobrar a “ala política” (risos) do governo, que queria aumentar o reajuste do salário mínimo de Bolsonaro – uma promessa de campanha – mas foi impedida pelo “turco” Haddad, que imagina que economia nacional é semelhante ao trabalho de caixa na 25 de março, como uma vez deu a entender em uma resposta aos tontos que duvidavam de um possível viés estatizante por parte dele.

Por quê? Oras, porque os faria limers idolatravam Paulo Guedes, achavam que o governo ideal do país seria comandado por um Zema da vida. Para eles, qualquer um que não seja um apologeta do Deus mercado é suspeito, ainda mais se for ligado a partidos socialistas e tiver biografia intelectual com verniz de esquerda.

Haddad, um bom moço por vocação, tenta agradar ao mercado, em seu sonho molhado de um dia ser reconhecido por um deles, ao mesmo tempo que possui produção intelectual que presta homenagens a Marx (ainda que esteja totalmente esvaziado em seu conteúdo político real), tal como FHC, o político que mais lembra Haddad. Acontece que até o FHC seria tratado como “comunista”, no clima fanático que o liberalismo alcançou no país.

Esta postura de tentar “servir a dois deuses” não costuma funcionar em climas polarizados. Antonio Palocci conseguiu, mas a conjuntura era outra, não havia essa direita organizada e ideologicamente ativa.

Meu temor é que Haddad, que neste começo tenta sinalizar ao mercado mais do que atender a demandas da base social que elegeu Lula, acabe agradando nem a um lado, nem ao outro. Se nosso garoto “prodígio” (como uma vez se referiu ao seu passado no mestrado em economia) tiver como principal preocupação atender às chantagens especulativas da Bolsa logo vai virar um pato manco, uma espécie de Múcio da Fazenda, sem que haja ninguém para lhe defender fora de seu círculo mais próximo.