O Estadão odeia a democracia

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Não é segredo algum que o Estadão é a assessoria de imprensa dos oligarcas da Faria Lima. Para esse “prestigioso órgão da mídia”, o que é popular é autoritário: só há democracia no silêncio de uma ditadura liberal como a de Pinochet.  A soberania popular do voto lhe é tóxica, um “fóssil do passado”, que deve ser superado pela impessoalidade de tecnocratas em prédios envidraçados. Por toda sua história, esse veículo praticou um jornalismo marrom que vai desde a “fake news” pura e simples até a defesa panfletária de tudo que pode para manter o Brasil empobrecido em uma posição subordinada na economia mundial.

Em seu editorial, o panfleto do sistema financeiro disse que reverter ações tomadas por um regime ilegal advindo de um golpe perpetrado com apoio dos Estados Unidos seria “retrógrado”, um debate que sequer deveria ser pautado. Mas os mercenários da dinastia Mesquita vão mais além. Para os oligarcas, o Brizolismo é o verdadeiro inimigo, uma “seita do passado”, atacando Carlos Lupi e o PDT justamente porque essa “ideologia tacanha”, como diz o Estadão, consistentemente se posicionou contra o desmonte da Previdência e dos Direitos Trabalhistas.

Antes de mais nada, é preciso deixar claro que o editorial do Estadão está mentindo a respeito da Previdência.  Há diversos estudos sérios que demonstram cabalmente que não há déficit algum no sistema previdenciário brasileiro. A fake news disseminada pelo panfleto se pauta em um ardil contábil que exclui parte das receitas do Previdência a fim de pintar um cenário catastrófico em suas contas. Além disso, omite que a Desvinculação das Receitas da União, a chamada DRU, é a vedete dos rentistas porque há um só tempo canaliza os recursos que deveriam pagar aposentadorias para as gordas planilhas da Faria Lima e cria um novo “mercado” para a previdência privada, copiando o modelo chileno que provocou fome e miséria em nossos irmão latino-americanos e que agora estão procurando revertê-lo.

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Esse tipo de mentira descarada e de apoio ao autoritarismo liberal contra os interesses dos trabalhadores do Brasil por parte do Estadão não é novidade. Já em 1932 o panfleto se converteu em órgão ideológico dos rentistas apátridas que se apossaram de São Paulo e tentaram em vão interromper o movimento popular, democrático e nacionalista encabeçado por Vargas, como Ruy Mesquita confessou em entrevista para a Lua Nova nos anos 80. É esse ódio contra a soberania do voto popular que também inspirou essa dinastia de oligarcas a participar ativamente das conspirações contra o Brasil que levaram ao Golpe de 1964:

“Militares de segundo escalão nos procuraram, aqui em São Paulo. Dois anos antes do desfecho. Um dia eu estava no jornal e recebi lá a visita de dois oficiais que eu não conhecia antes: o coronel Restell, que hoje é general da reserva; [..], um liberal, que veio com mais um capitão chamado Boson que ainda está por aí. Eles traziam informações do serviço secreto do Exército e me convidaram para uma conversa lá no prédio antigo do Estadão. Embaixo tinha o bar Jaraguá e ali conversamos. Ele disse: ‘Olha, Ruy, nós temos que começar a nos organizar'”.

A única verdade na torrente de ofensas e fake news que saíram da boca espumante dos pinochetistas foi a consistência do Trabalhismo em sua oposição ao desmonte do Brasil desde os anos 1990. Brizola rompeu com o PT no início do Lula 1 nos anos 2000 justamente por causa do desmonte da Previdência praticado pelo governo petucano. A relação entre trabalhistas e petistas nunca foi muito amistosa porque as agremiações ligadas ao “Novo Sindicalismo” eram contra os direitos trabalhistas, sobretudo à unicidade e à contribuição sindical, esteios da luta dos Trabalhadores do Brasil por toda nossa história, além de terem sabotado a formação de uma Central Sindical única, que teria aumentado muito a capacidade reivindicatória de todo os operários brasileiros.

Mais do que isso, recentemente o PDT expulsou uma impostora que se revelou uma infiltrada de organismos antidemocráticos como o “Acredito” e o “RenovaBR” ao trair a posição tomada no Diretório Nacional do Partido. Essas institutos são conclaves conspiracionistas que procuram implodir os partidos brasileiros por dentro, apagando seus programas. Seu objetivo em última instância é levar a cabo a agenda de destruição do Brasil e os interesses de oligarcas corruptos como Jorge Paulo Lemann por meio do esvaziamento da democracia, convertida apenas em chancela e legitimação ideológica para a ditadura da neutralidade técnica.

O Estadão destila tanto ódio pelo Trabalhismo pois sabe que esse campo ideológico-político é definido por seu nacionalismo popular e democrático. Nas campanhas de Ciro Gomes em 2018 e 2022, o herdeiro de Brizola e Vargas foi protagonista na denúncia do caráter anti-econômico e autoritário do desmonte da Previdência, propondo um modelo democrático que expandisse a cobertura da Seguridade Social sem cair nas armadilhas fiscalistas – inclusive com a proposta de uma parcial nacionalização do sistema financeiro a fim de levar a cabo estes objetivos.

Diferentemente do PT e de alguns de seus satélites que conscientemente trocam o principal pelo acessório num pseudopragmatismo que visa atender os interesses da Faria Lima, o PDT é uma alternativa realista e viável eleitoralmente que jamais hesitou por um instante na defesa dos interesses dos Trabalhadores do Brasil, sempre de maneira democrática. É por isso que somos o inimigo central para um panfleto cuja razão de existir é ser porta-voz dos interesses dos rentistas apátridas que se apossaram de São Paulo desde 1932. A utopia do Estadão é o retorno à República Velha, com suas eleições roubadas para manter o privilégio da casta de importadores e exportadores que quer o Brasil de joelhos para poder vendê-lo e ganhar no ágio.

Brizola, o punho erguido do Brasil, foi a garganta pela qual o ressoou o grito de revolta de um povo em luta por sua independência. Esses oligarcas sabem que enquanto existir o sufrágio universal, fruto da luta dos Trabalhistas, seremos uma ameaça a seu projeto colonialista e autoritário.

É por isso que o Estadão odeia a democracia.

Brizola foi rebelde, eu também sou, e prefiro Ciro

  1. De fato, o Estadão é um panfleto a serviço dos interesses da Faria Lima. Os editoriais são péssimos e mentirosos.

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