Em defesa de Juscelino Kubitschek

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Leio gente colocando em equivalência Juscelino Kubitschek e Rodrigo Maia, o antigo PSD ao atual DEM. Não quero estragar a militância política de ninguém, só fazer o devido reparo histórico para não deixar passar batido uma interpretação equivocada da história que, como todas, fatalmente resultam em uma visão política errada e em medidas políticas nefastas.

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JK foi o presidente do Plano de Metas, da Sudene, da integração nacional, da continuação da Marcha para o Oeste e da construção de Brasília – símbolo do planejamento estatal -, da ruptura do Brasil com o FMI, da recusa de privatizar a Petrobrás e da construção da sua primeira refinaria, a Reduc.

Apesar de ter aberto o país ao capital estrangeiro, planejou a atuação das empresas estrangeiras de maneira semelhante a que a China faz desde 1978, colocando o capital estrangeiro sob a orientação estatal e não o contrário. Ele também diversificou os países de origem das empresas estrangeiras, buscando empresas da Europa e do Japão, impedindo que os EUA se tornassem dominantes.

Apesar de ter favorecido mais o transporte rodoviário – o que era importante na época – criou a estatal ferroviária RFFSA e continuou ampliando a malha ferroviária.

Apesar de não ter se empenhado na criação da Eletrobrás, criou Furnas e incentivou a criação de companhias estaduais de eletricidade – a exemplo da Cemig, que ele criou como governador de MG – que depois seriam incorporadas ao sistema Eletrobrás.

Por tudo isso, é um escárnio colocar esse grande presidente no mesmo plano que Rodrigo Maia, apoiador da PEC do Teto, da reforma da previdência, da reforma trabalhista, devoto do deus-mercado, e que só não está colocando em pauta a privatização da Eletrobrás e dos Correios nesse momento por uma questão circunstancial de embate dele com o Bolsonaro, porque, na primeira oportunidade que tiver, vai colocar tudo isso em votação e trabalhar para que seja aprovado.

Não quero dizer que Rodrigo Maia não tenha contribuições positivas, ainda mais nesse momento histórico de perspectivas políticas tão rebaixadas. Melhor ele que um bolsonarista ou um lavajatista na Presidência da Câmara. Mas não vamos também distorcer os fatos e fazer analogias estapafúrdias que só servem para encurtar e degradar ainda mais o horizonte de visão política.

Vamos respeitar mais a nossa história, os nossos líderes, aqueles que construíram praticamente tudo o que ainda temos hoje e tantas outras coisas que deixamos de ter nos últimos 30 anos.