Dilma e a natureza da doença neoliberal

Dilma e a natureza da doença neoliberal
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O comportamento do neoliberal é totalmente doentio. Seus sintomas são uma aparência de completa insensibilidade social e incapacidade de aceitar as consequências de seus próprios atos. O que não sabemos, do ponto de vista individual, é se a doença tem natureza moral ou cognitiva.

Vejamos o caso Dilma. Dilma governou de 2011 até o meio de 2014 com uma política econômica pomposamente chamada de “nova matriz econômica”. Soa até como os planos quinquenais da URSS ou o “New Deal” do Roosevelt, não? Os neoliberais dizem que era uma política “desenvolvimentista”.

Mas é claro que não era nada disso. A única alteração na política de Dilma (que manteve o tripé macroeconômico) em relação a Lula foi ceder aos lobbies do que restou de indústria (nacional e internacional) no Brasil e conceder “desonerações” (isenções) e subsídios dos mais variados para o setor, como isenção de ICMS para veículos, energia elétrica subsidiada, preços controlados de combustíveis. Ou seja, ao invés de aumentar a capacidade de investimento do Estado, Dilma resolveu dar dinheiro de colherzinha na boquinha de empresários (inclusive as corporações multinacionais) para acordar seus “espíritos animais”. O resultado, no entanto, é que essas desonerações viraram remessa de lucros das multinacionais e patrimônio imobilizado no Brasil.

É claro que não deu certo. Mas o “não deu certo” dessa política foi o seguinte. Entre 2011 e 2014 o Brasil cresceu em média 2,35% ao ano, a mesma média dos últimos 40 anos. Alcançou o pleno emprego e a maior renda per capita que já teve na história. Permaneceu com inflação dentro da meta e, só em 2014, teve déficit primário de hoje módicos 32 bilhões.

Então, para lidar com essa grande catástrofe econômica de pleno emprego e crescimento medíocre, o governo Dilma, depois de prometer uma guinada desenvolvimentista na campanha, perpetrou o maior estelionato eleitoral da história e chamou o Chicago Boy Joaquim Levy para salvar a economia com “austeridade”.

A “austeridade” fiscal de um neoliberal é sempre bem conhecida: farra dos juros para parasitas e especuladores internacionais e corte de investimentos públicos.

Levy, antes mesmo de tomar posse, a partir de novembro de 2014, deu um choque de juros que levou a SELIC a 14,25% com juros reais mais altos do mundo, e levou os investimentos em infraestrutura do governo federal a perto de zero.

O resultado, somado ao efeito da Lava-jato na paralização de setores inteiros da economia, todos conhecemos: a maior depressão da história do Brasil desde a guerra civil do início da República: queda de 7% do PIB em dois anos.

Se você perguntar a um neoliberal o que causou o colapso do Brasil no governo Dilma, ele dirá que foram os preços controlados da Eletrobrás e Petrobrás no primeiro mandato. Não importa que matematicamente você mostre que os R$380 bilhões pagos em juros somente pela União em 2015 (R$ 100 bilhões a mais de juros que em 2014) sejam exatamente o valor da explosão do déficit.

Não há causa e efeito direta e evidente o suficiente para conseguir fazer um neoliberal aceitar a consequência de suas políticas.

Se você perguntar a ele qual a causa do fracasso das reformas escravagistas de Temer ou medidas liberais de Guedes ele sempre dirá que não foram liberais o suficiente. Mas ora, se o país era menos liberal antes e ficou mais liberal depois, mesmo que pouco, não era para ter melhorado alguma coisa?

Então voltamos a pergunta inicial. O que leva um neoliberal a esse comportamento de sociopata, nunca disposto a assumir a consequência de seus atos, sua incompetência e fracasso? Será uma cegueira de inteligência naturalística, aquela que nos permite identificar relações de causa e efeito na natureza?

Ou o seu problema é mais prosaico, meramente uma doença de natureza moral?

Será que ele é somente um predador e genocida que justifica seu comportamento psicopata com um arcabouço ideológico infalsificável?