O melhor time de boleiros marxistas de todos os tempos

O melhor time de boleiros marxistas de todos os tempos
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Após matutar bastante, cheguei aos contornos mais ou menos ideais do “all time XI” dos boleiros marxistas. O esquema é o bom e velho, além de brasileiríssimo, 4-2-2-2.

Goleiro, camisa 1: Kim Ill- Sung

Ninguém duvida que é um paredão que não deixa entrar nada. Mas suas defesas muito espalhafatosas, seu estilo algo extravagante mas também briguento, até tirânico com certos companheiros de time, uma mistura de René Higuita e Oliver Kahn, lhe faz perder muitos fãs. Contudo, mantém ainda, para alguns, um certo charme exótico.

Lateral-direito, camisa 2: Deng Xiaoping

Figura polêmica, para muitos uma incógnita. Seus detratores reclamam que apoia muito pouco o ataque, adota uma postura defensiva em excesso, ao contrário do lateral-esquerdo. Seus defensores falam que é um craque subestimado, dono de um senso tático, uma visão de jogo e um pragmatismo invejáveis, apesar de só saber chutar com a perna direita. Apreciadores do futebol-arte alegam que seu jogo não é “verdadeiro futebol”.

1º Zagueiro, camisa 3: Enver Hoxha

Zagueiro duro e sem frescura, dá bicão pra tirar a bola da área de qualquer jeito. É meio caneludo, um tanto grosso, mas a torcida tem carinho pelo papel heróico em conquistas passadas. Seus críticos o acusam de ser muito rígido taticamente e ter pouca capacidade de se adaptar a outros esquemas de jogo. Os defensores alegam que faz o arroz com feijão simples e bem feito. Tem um ótimo entrosamento com o camisa 5, mas suas disputas constantes com o 4 e o 2 são o calcanhar de aquiles da equipe.

2º Zagueiro/Líbero, camisa 4: Marechal Tito

Beque que gosta de sair jogando e até ir pro ataque, o que irrita o rigor tático do camisa 3, que lhe acusa de ser individualista demais e de querer inventar moda. Bem técnico e com boa capacidade de decisão, faria um bom complemento ao estilo bruto e sem frescura do parceiro, se não brigassem tanto…

Lateral-esquerdo, camisa 6: Che Guevara

Audacioso, suas idas velozes ao ataque lhe tornam uma força ofensiva considerável no lado esquerdo do campo. Polivalente, pode jogar também de volante e até meia-atacante. No entanto, costuma deixar uma avenida na defesa, constante fonte de dor de cabeça pros companheiros de time, no melhor estilo Marcelo. Muito dependente da perna esquerda também.

1º volante, camisa 5: Josef Stalin

Um destruidor de jogadas, temido pela violência com que lida com adversários e até mesmo companheiros de equipe, chegando a lesionar feio o camisa 7. Não gosta de que pedalam ou façam gracinha na frente dele. Divide muitas opiniões por ser expulso constantemente, apesar de ter sido um pilar e uma liderança no meio-campo em partidas mais duras. Os apreciadores do futebol-arte o odeiam. É mais querido pela torcida, que vibra com cada carrinho ou entrada mais forte, do que pelos companheiros de equipe, que o temem durante os treinos.

2º volante, camisa 8: Mao Tsé-Tung

É um meia clássico, com bom toque de bola, sabe conduzir bem o jogo, tem muita paciência na articulação das jogadas. Aparentemente cumpre funções bem defensivas, mas surpreende adversários aparecendo de repente na área e marcando gols como elemento surpresa. Letal no contra-ataque. Estes fatores, somados aos ditos espirituosos nas entrevistas do pós-jogo, o fizeram um favorito do público. Com a experiência de jogo e o carinho da torcida, ganhou tanta moral que passou a dividir opiniões pelos métodos utilizados para derrubar técnicos ou até mesmo a diretoria toda do time.

Meia-esquerda, camisa 7: Leon Trotsky

Um virtuoso técnico, gosta de entortar e humilhar adversários com seus dribles. Alguns o acusam de ser caprichoso demais, não voltar pra marcar e só jogar quando tem vontade, além de prender demais a bola. Os fãs falam que é o grande craque da equipe, ao lado do camisa 10. Tem uma grande richa com o camisa 5, que gosta de mais objetividade e menos firula nas jogadas. Mesmo os detratores, no entanto, admitem que foi decisivo em jogos importantes no passado.

Meia-direita, 11: Antonio Gramsci

Gosta de cadenciar o jogo e tocar muito bem a bola no meio-campo, ditando o ritmo de jogo. Em jogos nos quais o controle do meio-campo é decisivo, sua importância se destaca. Apesar disto, coleciona alguns detratores, que o acusam de ter pouca verticalidade e pouco poder de decisão, fazendo muitos poucos gols para um jogador em sua posição.

Meia-atacante ou segundo atacante, camisa 10: Lenin

Craque incontestável do time, talvez a única unanimidade desde que assumiu a posição. Faz tudo com competência e ainda é o líder da equipe.

Centro-atacante, camisa 9: Fidel Castro

Nem ocupava a posição no passado, mas seu faro de gol era tão aguçado que assumiu o papel. Um matador com grande senso de oportunidade dentro da área, gosta de provocar e ludibriar os adversários, sendo um mestre em cavar pênaltis e aplicar o famoso dom latino da “catimba”. É muito querido pela regularidade, mas ainda há alguns que o acusam de ser dependente demais das bolas enfiadas pelo camisa 10 e não representar muito perigo quando sozinho. Gosta de fazer gols em momentos decisivos contra adversários bem mais fortes.

Técnico: Ho Chi Minh

Ninguém é melhor do que este tiozinho para elevar o moral da equipe e extrair o melhor de cada um. Otimista inabalável, conhecido por suas frases motivacionais e por sua persistência. Auxiliado na parte tática pelo gênio de Võ Nguyên Giáp.

Ex-técnico: Nicolai Bukharin

Era uma grande promessa, seu jeito intelectual encantava a muitos. Mas nunca conseguiu encaixar um esquema de jogo consistente e equilibrado, pecando pelos excessos. No início era muito ofensivo e sofria muitos gols, depois virou retranqueiro demais.

Banco:

Karl Kautsky: era o camisa 10 do time, admirado pela garotada das categorias de base. No entanto, por decisões equivocadas na carreira e também pela influência de más companhias ficou lento e fora de forma. Alguns saudosistas ainda lamentam, entretanto, a substituição dele pelo mais novo e audacioso camisa 10.

Eduard Bernstein: famoso jogador chinelinho, com pouco comprometimento com a equipe mas que enganou alguns no início, com algumas poucas partidas boas em que fingiu qualidade dando umas pedaladas e fazendo graças do tipo.

Amadeo Bordiga: ninguém entende bem qual é a dele, nem a posição em que joga, mas possui um círculo de defensores fiéis que juram de pé junto que ele é um cracaço não aproveitado.

Nicolai Kruschev: jogador caótico, sempre criando polêmicas com seus próprios companheiros. Famoso por correr de forma toda desengonçada.

Leonid Brejnev: sabe aquele tipo de jogador que ninguém gosta, mas que a torcida acaba aturando por estar na equipe há muito tempo? Pois é, só serve pra preencher elenco, mas infelizmente acabou ganhando titularidade depois que os mais velhos foram se aposentando.

Rosa Luxemburgo: querida pela torcida, sempre incendeia o jogo quando entra. É craque mas tem pouca paciência para seguir esquemas táticos defensivos, o que acaba levando a atritos com o treinador.

Xi Jinping: o moleque é liso e atrevido, mas divide opiniões. Uns falam que é o futuro da equipe após várias temporadas ruins nas quais cabeças de bagre como Brejnev foram titulares. Outros dizem que é enganação com muito hype e pouca bola. Veremos.