Desenvolvimento Nacional, um caminho para o bem comum

As mentiras sobre a inflação nesse 7 de setembro
Botão Siga o Disparada no Google News

DESENVOLVIMENTO NACIONAL, UM CAMINHO PARA O BEM COMUM

Por Pedro Luiz Rodrigues
Bacharel em Ciências do Estado, Mestrando em Direito UFMG
Vice-Presidente do Cristãos Trabalhistas MG

Ao longo da história, o cristanismo tem pregado a promoção do bem comum como finalidade ética da vida comunitária.

A ideia de bem comum posiciona os indivíduos no seio da coletividade, ela os lembra de que integram uma realidade humana mais ampla e que, como tal, não devem cuidar apenas de seus assuntos particulares. Ela os direciona à dimensão comunitária da vida humana e alarga o seu campo de engajamento para além dos seus círculos relacionais imediatos (família, amigos, trabalho ou igreja)

Para o cristianismo, o bem comum é ao mesmo tempo objetivo e dever, um imperativo ético-social de sua presença fiel na coletividade

Desse modo, em face do contexto nacional o bem-comum nos comanda ir ao encontro das mazelas que permeiam a realidade dos brasileiros. Esse movimento, no entanto, requer mais do que ações solidárias fragmentárias, locais e de pequeno alcance. O bem-comum encontrará sua expressão mais efetiva em nosso país quando tocar aquelas estruturas que historicamente vem rebaixando os brasileiros e suas famílias a condições precárias e indignas de vida, que vem privando nosso povo do pleno usufruto de sua cidadania. Por isso, traduzir para o contexto nacional este precioso ensinamento da tradição cristã é assumir a tarefa de reversão do nosso subdesenvolvimento.

Em nosso país, o subdesenvolvimento corresponde a uma espécie de espinha dorsal que atravessa os principais dilemas da realidade nacional (segurança pública, fome, machismo, racismo, saúde e educação).Não encontraremos uma solução eficaz para tais problemas sem uma estratégia partilhada e abrangente pela elevação global do nível de vida dos brasileiros. Em outras palavras, o caminho para o bem-comum no Brasil passa por um projeto de desenvolvimento nacional que enriqueça material, social e espiritualmente o povo brasileiro, em seus mais diferentes segmentos sociais, regionais, étnico-raciais. Ou seja, um programa que multiplique pão, trabalho digno, moradia, proteção social e educação, e cultura a todos.

Desenvolvimento nacional consiste na busca por aquelas formas de organização (política, econômica e institucional) que liberem as potencialidades do país, que lhe permitam gerar e distribuir riqueza em proveito de seu povo. Que blindam a coletividade das oscilações incontroláveis do mercado internacional, do choque de ofertas, das desmedidas ambições de potências estrangeiras.

Porque o bem-comum é um imperativo, o desenvolvimento é uma missão, um desdobramento necessário para sua efetividade.

Por fim, insistir no desenvolvimento como bem-comum pode ser um vetor de alteração no perfil da participação de cristãos (em especial, do crescente ramo evangélico) na cena pública do Brasil.Ela seria importante não apenas por oferecer um horizonte ético alternativo à ética individualista oriunda (sobretudo) do universo religioso norte-americano. Mas também por proporcionar uma renovação nas coordenadas a partir das quais esse segmento se mobiliza politicamente. O bem-comum pode ser uma chave para se converter os convertidos também ao próprio país, às suas dores e às suas lutas.

 

Pedro Luiz Rodrigues
Bacharel em Ciências do Estado, Mestrando em Direito UFMG
Vice-Presidente do Cristãos Trabalhistas MG