Reduzir a disputa a ‘democracia x fascismo’ é um erro grosseiro da campanha de Boulos

Reduzir a disputa em Sao Paulo a democracia x fascismo e um erro grosseiro da campanha de Boulos
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Seguir na linha de reduzir a eleição a “fascismo x democracia” é um erro grosseiro da campanha do Boulos. A sua vice fez campanha e estava no governo do cara que ele chama de fascista. Como que vai explicar essa gritante contradição? Já deixa o queixo para apanhar na largada.

Ainda tem mais: vai deixar para o Nunes explorar essa contradição e forçar o debate para os problemas reais da cidade, que é o que realmente decide uma eleição municipal. Ele pode simplesmente falar que não quer nacionalizar a eleição e o Boulos fica falando sozinho.

Essa estratégia de forçar a demonização do adversário toda eleição é muito ruim, extremamente despolitizante e totalmente hipócrita. Fizeram o mesmo com o Alckmin: anos chamando de fascista para depois se aliarem a ele para “salvar a democracia”. Só podemos ir além.

No fundo, essa estratégia despolitizante mostra a acomodação do próprio Boulos na estrutura da política tradicional que ele tanto criticou. Como chegou na “festa da democracia” agora como bom moço, não pode mais forçar uma polarização em torno de projetos de transformação.

A tarefa n° 1 não é apresentar outro projeto de cidade, mais democrática, com garantia de direitos para todos, mas só mostrar que é o “genro ideal” para quem verdadeiramente manda no seu processo de moderação, sua versão “paz e amor”.

Se pudesse dar uma dica, abandonaria essa canoa furada de explorar o “bolsonarismo/fascismo” do Nunes e focaria em uma política popular como a Tarifa Zero e fazia minha campanha nisso. Será que ele pode fazer isso ou é “radical” demais?