A pesquisa Datafolha e o Brasil de Gilberto Freyre

A pesquisa Datafolha e o Brasil de Gilberto Freyre
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O Datafolha realizou uma pesquisa sobre relacionamentos inter-raciais entre os brasileiros. E o esforço dos analistas e jornalistas da Folha de São Paulo para distorcer os dados de modo a colocar ênfase em racismo e machismo chega a ser comovente.

O que dizem os dados? Que 91% dos entrevistados afirmam que a cor da pele nunca interferiu nos próprios relacionamentos amorosos.

Mais ainda: do universo de entrevistados que responderam que já tiveram um relacionamento amoroso [99%, quase a totalidade], nada menos que 47% disseram já ter casado ou morado com alguém de cor diferente da sua.

Ou seja, o povo brasileiro se relaciona amorosamente, e junta os trapos, casa etc. com pessoas de outra cor de pele sem constrangimento. Todo aquele papo de que a mestiçagem no Brasil se explicava simplesmente por ”estupro sistemático” cai por terra. O brasileiro se mistura e miscigena no dia a dia porque quer e gosta.

E parece que a libido brasileira evita ódios raciais mais graves: No grupo dos que tiveram relações inter-raciais, 77% dos pretos disseram ter se relacionado com brancos. E 51% dos brancos disseram ter se relacionados com pretos [47% se relacionaram com pardos].

Os pesquisadores parecem inconformados com os dados, e alegam que ainda assim há relatos comuns de constrangimentos sofridos por pessoas em relacionamento inter-racial. Acredito piamente, mas este não é o dado mais poderoso, forte ou significativo do levantamento.

Que nos recortes desses números seja possível identificar sensibilidades racistas é meio óbvio. Mas o recado tonitruante da pesquisa é que a experiência brasileira é GOVERNADA indiscutivelmente por uma sensibilidade antirracista. Pretos, pardos, brancos se amam, se relacionam, moram juntos, casam e geram novos mestiços.

Não para ”embranquecer” o Brasil, como propagado pela ideologia racista das elites da Velha República. Não por causa de algum ímpeto estuprador atávico, como defende a insanidade da esquerda identitária. Mas porque o Brasil é, comparado à maioria esmagadora dos demais povos, relativamente bem sucedido em suas experiências inter-étnicas.

Há no Brasil um impulso evidente para o convívio pacífico de ”raças” diferentes. Mais do que isso, há em nós uma tendência a amar e se mesclar independente de etnia e raça.

Eis aí o recado principal da pesquisa.