O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, reagiu energicamente contra parte da bancada do partido que votou a favor da PEC dos Precatórios ontem na Câmara dos Deputados.
Ciro anunciou que deixa sua pré-candidatura suspensa até que os deputados que votaram com o governo reavaliem sua posição na votação em segundo turno da PEC.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, também reagiu e anunciou o ingresso de uma ação no STF contra a votação remota de deputados que não estavam presentes em Brasília para votar no plenário. A ação do PDT visa derrubar a mudança ilegal no Regimento Interno da Câmara feita por Arthur Lira que pretende possibilitar a votação de deputados ausentes em todas as próximas votações, não apenas na de ontem.
A famigerada PEC dos Precatórios, se aprovada, dilacera um princípio jurídico básico e consagrado na Constituição Federal de respeito às decisões judiciais transitadas em julgado, ou seja, que não tenham mais nenhuma possibilidade de alteração. Assim, o governo passaria a poder dar calote no pagamento de dívidas do Estado com pessoas e empresas já determinadas pelo Judiciário como devidas.
O forte posicionamento de Ciro demonstra sua coragem de enfrentar as contradições internas de seu partido devido ao compromisso com suas ideias e valores. Esse episódio demonstra os limites éticos e políticos para o pragmatismo de Ciro Gomes em contraste com o oportunismo característico dos políticos tradicionais brasileiros.
Confira a íntegra da nota divulgada pelo ex-governador do Ceará:
“Há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos coloca graves desafios.
É o que sinto, neste momento, ao deparar-me com a decisão de parte substantiva da bancada do PDT de apoiar a famigerada PEC dos Precatórios.
A mim só me resta um caminho : deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição.
Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo.
Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas.
Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional.”