Uma Luz para Ciro Gomes: a Frente Antissistema, a Frente da Esperança

Uma Luz para Ciro Gomes a Frente Antissistema, a Frente da Esperanca
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Por Fernando Mendonça – As eleições de 2018 deixaram algumas lições para Ciro Gomes. Alguns pontos ficaram claros necessitando ser novamente revisitados para que em um momento decisivo, como o atual na qual a campanha de 2022 para a presidência ameaça se afunilar, possam trazer uma luz, um caminho para Ciro.

Passaram-se 3 anos da fatídica eleição de Bolsonaro, e ainda hoje, Ciro Gomes continua sendo o único presidenciável a propor algo mais concreto para o país. Nos outros campos, a lógica da “campanha pela campanha” ainda permanece. Trazendo um novo risco de se eleger um líder sem nenhuma ideia concreta do que fazer na presidência. Algo tenebroso em um momento tão crítico que vive o país. São milhões de desempregados e a fome batendo a mesa do brasileiro, todo um cenário construído pelas trágicas administrações desindustrializantes de Lula/Dilma/Temer que se agravaram em Jair Bolsonaro, o qual faz uma gestão genocida diante de uma pandemia que ceifou a vida de mais de 600 mil irmãs e irmãos brasileiros.

Nesse processo cruel de desindustrialização, corremos o risco de ter nosso país adentrando a estágios de subdesenvolvimento, condenando o futuro de milhares de jovens que a cada ano ingressam no mercado de trabalho. Qual o futuro estaremos a delegar para as futuras gerações de brasileiros?

O Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND), que tem por seu principal mentor intelectual Ciro, está construído sob os valores do novo desenvolvimentismo que busca aliar investimento com responsabilidade fiscal, dentro de uma nova ótica de sustentabilidade ambiental. Fala de inserir o mercado brasileiro como um novo player na chamada economia do conhecimento, focando em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias, pregando uma reindustrialização brasileira com responsabilidade socioambiental. Algo de mais moderno nos debates sobre os novos rumos das economias mundiais. Sendo um caminho que a cada dia se tornar uma unanimidade a ser seguido.

Qualquer alternativa que tende a omitir o Estado do seu papel de fomento quando aprofundados, parece, na maioria das vezes, sempre estar vinculado a algum interesse estrangeiro ou que atenda interesses de um grupo restrito de pessoas. Sem visar o bem do povo brasileiro e o combate à desigualdade e a miséria Brasil. Ao contrário, direciona nossa nação a virar uma grande fazenda. Sem desmerecer o papel estratégico e econômico do agronegócio, mas insuficiente para atender o que o brasileiro aspira como padrão de consumo e dignidade de vida.

Em algum momento nosso país saiu da trilha do desenvolvimento e Ciro Gomes tem sido um dos poucos a apontar caminhos para retomar as legitimas ambições de nossa nação.

Todavia, as características culturais do nosso povo e o seu reduzido acesso ao ensino de qualidade, impedem que uma eleição seja decidida apenas pela comparação de projetos e propostas. Há um componente emocional muito forte, herança de nossa latinidade, mas muito aqui potencializado. Fazendo explicar muitas escolhas equivocadas na história de nossa democracia.

Barreiras Culturais ao PND

Infelizmente há poucas possibilidades do PND sozinho de Ciro conseguir mobilizar as massas que permitam a vitória desse projeto. Não é à toa o incansável intento dos adversários de Ciro em isolá-lo. A estratégia é clara: reduzir o embate político a uma disputa de personalidades. E aqui encontra-se barreiras. Ciro não aposta em um relacionamento artificial e emocional com o eleitor, porém aposta na sua inteligência. Diante das características culturais e educacionais no povo brasileiro, tal aposta não se demonstra a mais rentável eleitoralmente. Algo aprendido por figuras como Lula e Bolsonaro que apostam na despolitização e nos vínculos emocionais, gerando legião de seguidores sem senso crítico a suas deficiências e ausências de projetos. Mas, por certo, uma estratégia que fideliza grandes nichos de voto, que forçam todo processo político de alianças a seu favor.

Entretanto, mesmo com esses dois players concentrando boa parte dos votos em pesquisas, essas mesmas pesquisas apontam 60% de eleitores cansados dessa polarização, desejosos por um projeto de mudança. Foi esse sentimento que derrotou o PT em 2018, derrotou o PDSB em eleições anteriores e persiste, porém, agora órfão pelo fracasso Bolsonaro.
Todavia, se Ciro Gomes possui esse projeto, por que não consegue se conectar com esse sentimento de mudança? Esse é o ponto chave, pois é essa conexão que transforma uma terceira via na via principal. E no Brasil, essa conexão é predominantemente emocional.

Mas é preciso se ressaltar que, quando se fala desse predomínio das emoções na hora de decisão do voto por parte do eleitor brasileiro, não está se querendo dizer que não há algum tipo de racionalidade. Sim o há, porém é feita de forma menos complexa e mais pragmática. Buscando associações simples que levam a respostas menos elaboras acerca de problemas complexos. Porém, de mais fácil compreensão. Essas respostas “simples” acabam se transformando em viés de confirmação que dão algum tipo de suporte a escolha emocional pelo voto em A ou B. Tal fenômeno explica o porquê detalhamento de projetos, números e dados não costumam fazer tanto sucesso entre grande parte dos eleitores. Boa parte dos leitores brasileiros tendem a levar mais em conta uma identificação ou empatia com o candidato ou mesmo valorizem “impressões” internas do tipo “não sei quais as ideais dele, mas ele se preocupa mais com os pobres / ele parece ser muito temente a Deus / pelo menos ele não é corrupto”.

Fazer sonhar o PND: a narrativa da mudança

Aqui Ciro fica numa encruzilhada, seu perfil intelectual acadêmico atrapalha essa conexão, sendo insuficiente para comunicar o seu projeto. O perfil “nerd, sabichão, professoral” parece funcionar bem em universitários e acadêmicos, mas nem de longe é popular nas classes mais baixas que enxergam certa soberba e arrogância em tal postura.

Para o PND decolar é preciso fazer sonhar. Uma função que poderia advir do marketing político, mas que ainda não aconteceu. O mago João Santana é uma chave nesse processo, mas aparentemente insuficiente nesse novo mundo de redes sociais que João não domina.

A pergunta que fica: há 10 meses das eleições, existe uma esperança para o PND de Ciro? E esse é o mote desse texto: sim, existe. Há uma brecha que se for bem explorada pode criar a narrativa necessária para uma difícil vitória.

Ao que tudo indica o que falta a esses 60% do eleitorado, o eleitorado “nem lula, nem Bolsonaro” é se encantar por algo, por um projeto, que lhe impulsione o sentimento de mudança, esperança e transformação. Unir esse leitorado passa por INSPIRAR as pessoas porem suas esperanças em um novo destino, e não apenas em negar o atual ou o anterior a esse.

A nova narrativa deve ser focada em SONHAR. TER ESPERANÇA. Projeto racional já há, agora é preciso “vender esse sonho” e levar esses 60% dos eleitores a sonharem junto e REATIVAR esse sentimento de “mudança”.

Deve-se fazer uma observação: esse sentimento de mudança está levemente diferente do sentimento de 2018. O de 2018 era algo mais agressivo, atiçado por um sentimento de revolta. Era um sentimento quase revolucionário que pedia por rupturas, inclusive institucionais, diante dos escândalos de corrupção petista, a crise econômica e as fakenews acerca do fantasma do comunismo. O sentimento de mudança de 2022 ele é mais cálido, revisionista e pragmático, temoroso que mudanças abruptas piorem a complicada situação. Se em 2018 comparamos a eleição do Bolsonaro com a eleição de Trump no EUA; podemos dizer que o cenário de 2022 poderá favorecer a uma narrativa mais Obama.

Essencial, também, é manifestar não só a defesa, mas uma OPÇÃO POR VALORES. Valores constroem grandes nações. E é preciso se contrapor essa opção contra a uma ausência delas, de um “vale tudo”, que principalmente tem corroído parcelas da esquerda ligada a Lula. É necessário contrapor a liberdade ao autoritarismo dos dois polos. Ressaltar solidariedade, a mão amiga do povo contra o individualismo egoísta do mercado financeiro. É preciso apontar para uma refundação do Brasil, valorizando os valores fundamentais estabelecidos pelos nossos constituintes. Mas de forma não fria e institucional, por isso não passa apenas por defesa, mas externar uma opção de vida. Apontar para o brasileiro que vale a pena fazer o que é certo. Aqui temos um ponto crucial: o despertar do sentimento brasileiro de um novo país.

Qual seria a solução? A Frente Antissistema ou Frente da Esperança

Primeiro é necessária a narrativa de “frente” para vencer a polarização e atrair um eleitorado que ou está sem voto ou opta por um dos campos polarizadores por desanimo ou falta de opção. Ao invés de ser um projeto personalista, ser uma “frente” pode comunicar a comunhão de interesses, uma união do Brasil contra o que está posto. Há na nossa cultura esse sentimento “Brasil unido” que se manifesta desde os tempos de Getúlio. É algo inerente ao brasileiro, que precisa ser acordado. E aqui não quero me contradizer: sim afirmo que há na cultura popular uma tendencia ao personalismo de projetos.

Entretanto reafirmo que nesse embate Ciro tem desvantagens perante Bolsonaro e Lula diante da sua opção por cultivar conexões racionais. O que é contraditório, quando se pesquisa o eleitorado de Ciro, 40% aponta como principal motivo de seu apoio a própria figura de Ciro e não uma causa em si.

A opção de Ciro pela de narrativa racional em detrimento da narrativa emocional, na minha opinião se revela um equívoco, louvável, mas equívoco. Louvável quando olhamos que muita da opção pela conexão emocional visa mais manipular que convencer. Porém, por certo, Ciro tem sim atitudes que arranham a conexão emocional de muitos brasileiros com ele. Embora com rejeição baixa, resultado talvez pela sinceridade que Ciro transborda de querer mudar o país, algumas atitudes e “veemências” fazem com que grande parcela da população titubeie na hora de lhe confiar o voto. Uma mera redução de rejeição, importantíssimo, não se revela suficiente nesse ponto. O problema não é a rejeição, mas sim a decisão final pelo voto

É ilusão achar que se pode sair dessa disputa de personalismos. Faz parte da nossa cultura política, ainda mais para uma eleição para a presidência. Porém, diante da desvantagem de Ciro nesse campo uma saída é a incorporação de uma Frente. Quando se fala em criar uma “frente antissistema” ou uma “frente da esperança” se fala em despersonificar o projeto principal, cedendo em alguns pontos, e admitindo uma co-liderança. Atrair diversas figuras simbólicas, que comuniquem a diversos recortes da sociedade, somando as biografias, podendo assim disputar de forma unida nessa narrativa personalista. Não é mero apoio. É uma coalização de lideranças simbólicas que tenham uma conexão com a população.

Figuras SIMBÓLICAS. Não apenas figuras políticas. São as personalidades simbólicas que podem comunicar a população. Figuras essas que funcionariam como FIADORES dessa versão ampla do PND, que possam suscitar um sentimento de que é possível fazer as coisas de um modo diferente.

Atrair essas figuras não é simples, deve partir de Ciro uma grandeza de se diminuir e acordar com essas figuras. Porém, é necessária tal criação. E fazer um corpo a corpo na busca dessas personalidades. É possível identificar grandes grupos nesse voto “nem lula, nem bolsonaro”. É mirar e ir atrás. Não se prendendo tanto ao mundo da política e nem a questão eleitoral em si. Não se trata de conta matemática de quantos votos aquele palanque dará, e sim do simbolismo para gerar a onda de esperança no país.

Segundo, é indispensável que haja um fio condutor de um novo caminho, que se traduz na narrativa antissistema. Hoje Lula e Bolsonaro disputam o status de quem é o maior representante do sistema político atual. A tentativa de Lula de aliança com Geraldo Alckmin, tradicional figura do PSDB, até ontem, arquirrival político do PT, demonstra para a população uma união de um sistema político ultrapassado e corrupto, que parece se unir visando atender seus próprios interesses. Quando se fala em sentimento de mudança, se fala em ruptura com o que é estabelecido. A eleição de Bolsonaro passou por essa questão, de uma forma mais radical. Porém, a verdade é que esses 60% do eleitorado não esperam um projeto conciliador, mas algo que dê um efetivo novo norte ao país, de forma segura (por isso a importância dos fiadores). Ser antissistema é uma linha poderosa que pode unir os diversos setores que compõem esse tecido do “nem-nem” eleitoral.

Aqui temos um ponto interessante, quando falamos que 60% do eleitorado que rejeita tanto Lula como Bolsonaro, não estamos falando de uma parcela homogênea da população. E sim de uma colcha de retalho de diversos setores com seus próprios pontos de vista e interesses. Algo é necessário para nortear essa união. O proselitismo de um rompimento, não institucional, mas um rompimento de práticas com um desejo verdadeiramente reformista, parece ser o caminho. Tal sentimento se manifestou na história recente brasileira, em 2010 na grande votação que teve Marina Silva. Não falta a Ciro uma visão popular de força para realizar as mudanças necessárias.

Ciro Gomes x Sergio Moro: o sentimento anticorrupção e o lavajatismo

Ciro Gomes continua sendo, hoje, a pessoa mais indicada para encabeçar esse projeto. É o grande mentor intelectual, mais bem posicionado nas pesquisas fora da polarização. Possui recall e tem uma baixa rejeição. Sergio Moro, ao contrário, com uma alta rejeição se revela inapropriado para apontar um novo caminho. Sem propostas projetos e experiência em cargos eletivos, se mostra pequeno para o desafio. Além de ter conduta considerada inapropriada, tanto por setores mais à esquerda como setores mais a direta da sociedade. Além de ter sido um dos grandes fiadores do fracasso Bolsonaro. Há uma certa ilusão quanto ao tamanho do nicho “lavajatista”, se chega a 10% dos eleitores é muito. E sua traição a Bolsonaro impede uma migração vinda da direita bolsonarista.

Moro falha em não ter poder do consenso. E nem o discurso, literalmente. Mas é fato que representa, para parte da população um símbolo da luta contra a corrupção. Alcunha justa ou não, por trás do desejo anticorrupção há o sentimento de mudança.

Uma narrativa antipolarizante para 2022 passa pro encampar essa luta, retirando o rotulo pejorativo do lavajatismo, que abarca ilegalidades e abusos, mas comunicando o valor maior de justiça e moralidade. E é calcanhar de Aquiles de uma das candidaturas líder das pesquisas, que prega o “roubemos sim, mas pelo menos tinha picanha e cerveja”. Nenhum país sério avança sob essa escancarada falta de valores. Eles se apequenam.

Deve-se haver o respeito a simbologia, em nome dos valores envolvidos. O que não significa de esclarecer a justeza de mérito de algumas figuras. Mas diante da conexão emocional da parcela da população anticorrupção deve se deixar tudo para o seu momento adequado. A prática pelo aperfeiçoamento institucional contra o desvio, os esquemas, o roubo, deve ser reafirmado a nível popular. Se tem algo que Ciro Gomes conseguiu na sua trajetória é cultivar uma marca de credibilidade que lhe permite se arrogar da figura anticorrupção.

Estratégia dos Fiadores

Se compor com Sergio Moro se revela inviável, tendo em vista suas ações antinacionais, é preciso um forte diálogo com o setor que com ele comunica. Atrair figuras como Joaquim Barbosa, embora já um pouco esquecido, podem ser fiadores para a parcela anticorrupção da população.

Peça chave dessa frente da esperança é Marina Silva. Não tanto por uma quantidade imediata de transferência de votos, porém Marina tem um simbolismo que comunica às classes mais pobres da sociedade, comunica a parcela moderada de evangélicos pelo Brasil, para ambientalistas, comunidade internacional e a setores da esquerda. Além do voto feminino. Marina Silva ainda tem uma imagem de moderação que complementa perfeitamente as características de Ciro Gomes. E hoje desponta como a vice ideal para Ciro. Na guerra de personalismos, Marina torna Ciro competitivo na narrativa, desde que haja essa embalagem de frente e co-liderança. Além de abrir portas em setores que Ciro Gomes tem enorme dificuldade em comunicar.

Outra figura que muito agrega na comunicação com setores mais pobres da sociedade e a parcela anticorrupção é o jornalista Jose Luiz Datena. Chegou-se a ventilar ele ser vice do Ciro. Entretanto, só faria sentido se a ideia fosse tentar ocupar a posição de Bolsonaro, pois Datena enfrenta rejeições em setores a esquerda da sociedade. Um apoio efetivo pode ajudar a resolver a equação da costura de retalhos eleitorais.

Nomes como Kalil, Mandetta, Kátia Abreu são importantes. Mandetta embora esquecido fia a questão da saúde, há lembrança da população quanto a sua luta contra a COVD-19. Já o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil é uma potência de voto no grande colégio eleitoral de Minas Gerais. Kátia Abreu, ex-vice do Ciro, ainda se mantém como ponte no agronegócio.

Um apoio interessante veio do Cabo Daciolo. Que se notabilizou pela sua religiosidade, mas ganhou popularidade pela expressão sincera de sentimentos pela mudança no país. Daciolo faz uma ponte com um eleitorado evangélico pentecostal mais raiz, porém, o que se percebe mais é que ele ajuda a reduzir a rejeição de Ciro nas camadas mais populares.

Proximidade com religiosos, como Padre Julio Lancelloti tem uma importância simbólica grande em demonstrar respeito a fé do povo. Além de comunicar uma preocupação com os mais pobres. Segmento que Ciro e sua frente devem entrar de forma efetiva.

O apoio de artistas e influencers são muito bem vindos e essenciais. Principalmente para setores com menos de 24 anos. Porém, tais virão se houver algo em que acreditem. Uma frente com essa narrativa de esperança e mudança no sistema tem o condão de gerar uma onda de apoios que ainda se encontra muito contida. Todavia há casos especiais, que merecem dialogo: como o ex-presidenciável Luciano Huck. Luciano lidera um amplo movimento político e tem trânsito entre o empresariado, além de ser um admirador da educação em Sobral. Momento é de criar pontes e humildade.

Quanto as forças de segurança, o diálogo é com sindicatos e associações. No caso dos militares é preciso uma dedicação e um plano para apontar para os milhares de praças espalhados pelo país, o grosso da corporação e rachar um pouco a base bolsonarista. Ir além da conversa com membros do alto escalão, que não conseguem necessariamente influir nos votos de praças e oficias.

Silvio Luiz de Almeida, Ivanir dos Santos referencias simbólicas na luta antirracista.

Na esquerda identitária, além de manter apoios como de Duda Salabert, Goura, dentre outros, um fiador possível seria Guilherme Boulos. Daria ancoragem na esquerda identitária, além de atrair um PSOL antipetista, necessário a manter um segmento de voto que foi tão importante em 2018 para Ciro Gomes. Boulos dividir o palanque já faria esse papel, já que estará rachado com o PT paulista que insistirá no fraco Fernando Haddad.

Economistas como André Lara Resende, Mauro Benevides, Nelson Marconi e o diálogo com Armínio Fraga, parecem conseguir indicar ao mercado que não haverá irresponsabilidades vindas de um eventual governo Ciro Gomes.

Estes são alguns de vários nomes que poderiam ser buscados. Mas o cerne é criar uma frente com essas figuras simbólicas dando protagonismo a elas. É preciso Ciro Gomes provar ao Brasil que ele é o líder capaz de gerenciar e atender a diversos setores da sociedade brasileira numa transição segura que traga mudanças efetivas para o país. É preciso que Ciro com essa frente plural de esperança aponte o futuro e o novo, de forma leve e sustentável. Outros fatores como alianças eleitorais e marketing se iniciariam de forma mais natural com esse tipo de composição.

A criação de uma frente com sentimentos de esperança, antissistema e mudança pode atrair os votos necessários da fatia da população nem Lula, nem Bolsonaro. A frente da esperança poderia sim ser uma luz de Farol daqueles que desejam mudar o Brasil. Uma luz para o próprio Ciro Gomes.

Por Fernando Mendonça

Jurista. Fundador Rede Ciro e Cirão Carioca

  1. Essa recomendação, caso se possa resumir em uma palavra, seria: “incoerência”!

    Desconheço outra palavra para descrever esse texto… que inclusive parece até que copia a mesma recomendação/estratégia atual do PT ao se associar com Alckimin (outro representante do sistema).

    Inicialmente, fiquei curioso com o dado que 60% dos brasileiros se declarem “Nem Lula e Nem Bolsonaro”, quando as pesquisas apontam que já na pesquisa espontânea a soma de Lula com Bolsonaro é algo em torno de 50% e as mais recentes pesquisas apontam que a soma da pesquisa estimulada é quase 70% para Bolsonaro e Lula.

    Outra premissa que é uma contradição no texto é que se busca uma “Frente Anti-Sistema” com a associação a Mandeta, Katia Abreu, Huck, Armínio Fraga???

    Aliás, será que não se percebe que a população está polarizada em muito desde 2014… e caminhar para ser “Terceira Via” (que somados os votantes não chegam a 20%) é um contrassenso… Assim, como se deve criticar a associação de Lula com Alckimin é um contrassenso do que esperam seus eleitores (pessoas mais humildes e que foram os mais atingidos pelas nefastas políticas neoliberalóides)… da mesma forma seria um contrassenso achar que se associar com essa Turma fundadora/propagadora do Neoliberalismo efetivaria alguma “mudança” substancial.

    Também acho um equívoco falar que João Santana não saiba lidar com redes sociais, quando esse foi o aspecto mais eficiente do Ciro Gomes (uma pena que muitas vezes emula a linguagem Bolsonarista ou MBLmista para formar também “Minions” que acham que o mundo seria baseado em “simplismos”… ainda mais a complexidade brasileira.

    Assim, como não me pareceu inteligente ou racional as estratégias e falas de Ciro Gomes… E isso é que foi a grande falha do João Santana e uma falha recorrente do Ciro Gomes. Talvez apenas se concorda com a a falta de um apelo mais emocional, mas é difícil qualquer estratégia para quem atira para todos os lados sem nenhuma estratégia.

    E também discordo que se deveria “retirar o rotulo pejorativo do lavajatismo”, pois essa foi um dos erros mais cabais do Ciro Gomes/Santana/Castanon, pois caso tivessem método… teriam focado apenas no Bolsonaro para tentar se associar como um “Anti-Bolsonaro” e depois principalmente deveria ter sido o maior combatente da “Farsa-Jato”/Moro, pois aí os eleitores que estariam frustrados com Bolsonaro não fluiriam para Sérgio Moro e talvez a opção pudesse ser Ciro. Uma pena que se focou em atacar Lula antes mesmo de ocorrer as incoerências do PT (como essa associação com Alckimin) e isso soou uma agressividade destemperada que inclusive muitos associam essa agressividade ao Ciro como um “Bolsonaro de Esquerda”. Talvez hoje o Boulos que nem entrou em campo na disputa eleitoral tivesse até mais êxito por conseguir cativar uma boa parte do eleitorado do Polo da Esquerda e ainda talvez alguns NemNem.

    Não foi mencionado, mas também foi bem forçada a tentativa de colocar Ciro como um Bidden, quando o simbolicamente Lula é quem se movia e se deixava transparecer nesse sentido. Ciro poderia ter sido um Bernie Sanders, mas essa associação simbólica hoje está mais para Boulos. (Se a eleição tivesse o mesmo simbolismo de Obama e Bush, talvez as figuras de Paulo Paim e Sérgio Almeida tivesse mais essa característica… não a figura polemista e inconfiável do Joaquim Barbosa).

    Outros nomes que citou são interessantes para essa “Frente de Esperança”, mas apesar de as redes sociais ciristas tentarem emplacar para a sua bolha que estaria vinculado a Ciro, a realidade mostra que Lula é mais efetivo (como no caso do Padre Lancellotti ou Boulos citados no texto).

    É interessante “fazer sonhar o PND” (livro com boas intenções, mas que peca em demonstrar como seria possível a sua aplicação no sistema político complexo do Brasil e ainda com as associações que Ciro tenta cortejar como ACM Neto, Kátia Abreu, Armínio Fraga, Tasso Jeirissate, etc)… E as pessoas que perderam qualidade de vida querem que sonhos se tornem realidade, não apenas meros sonhos que já povoam inúmeros trabalhos acadêmicos da Unicamp ou outra faculdade mais progressista que não se concretizam.

    Assim, reitero a crítica que o texto e recomendação me pareceu bem incoerente (além de possíveis equívocos em premissas), além de que parece ser a narração da atual atuação/estratégia de Lula em se associar com Alckimin ou outros do “Centro” (leia-se Direita, Neoliberal e Golpistas) para caminhar para uma “Terceira Via” que não tem vez em uma sociedade polarizada e que tem a esperança de mudança. O problema para o Ciro é que parece que os eleitores do Polo da Esquerda perderam a confiança no Ciro pelos ataques ao PT/Lula antes mesmo de o PT/Lula incorrer em incoerências… e no Polo da Direita sempre haverá um candidato mais “raiz” (como o neoliberalóide, neofascista, politiqueiro e cínico do Moro).

    Aliás essas derrapadas de estratégia do Ciro acontecem em todas as eleições, mas em 2018 se perdeu a chance de ter sido o vice de Lula para no provável Golpe… assumi-se a cabeça de chapa, com Haddad de vice em uma união de esforços contra o Trumpismo brasileiro (como foi Bidden e Bernie sanders), porém depois disso foram várias derrapadas atirando para todos os lados e tentando emplacar simbologias sem aderência à personalidade do Ciro (além de até tentar emular um fanatismo em redes sociais para formar “minions” que no meu entender agregariam mais se tivessem uma linguagem menos agressiva – como algumas vezes critiquei tanto a cegueira de conjuntura como linguagem do Castanon). É difícil voltar para os trilhos após tantas derrapadas e perdas de janelas de oportunidades. Espero que haja tempo para essa reconstrução, mas isso não se efetivará com incoerências.

  2. Por trás de toda a cantilena o que o articulista Fernando Mendonça quer é fazer um pacto com o diabo para pegar uma boquinha de servidor público de Vereador pelo PDT Se oriente rapaz.

  3. Poxa, não publicaram a minha crítica a esse texto… porém pelo menos encaminhem aquela crítica ao autor, pois poderia ser interessante não interditarem o debate!

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