Ciro e Dilma

Ciro e Dilma
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Não entendi a repercussão dada à discussão entre Ciro e Dilma. A ruptura pessoal entre eles era inevitável.

A pretensa relação pessoal decorria da militância política, do projeto que dividiram e que tem no golpe um divisor de águas.

Explico: Ciro Gomes teve papel importantíssimo na denúncia do golpe que interrompeu o mandato presidencial de Dilma. Ciro abandonou trajetória bem sucedida e muito bem remunerada na iniciativa privada para defender o mandato presidencial de Dilma Roussef.

O Ceará foi o estado que deu mais votos em defesa de Dilma e Ciro até hoje não hesita em afirmar que ela não cometera crime de responsabilidade. Portanto, que se tratou de golpe.

Disso decorreu convite para Dilma concorrer ao Senado pelo Ceará.

Casa foi alugada e enxoval foi comprado para receber Dilma em seu novo domicílio. Embora já aceita por Dilma, a candidatura ao Senado pelo Ceará não se efetivou, justamente para não consolidar a relação entre eles.

Essa candidatura deslocaria o vínculo político de Dilma do Sudeste para o Ceará, mais especificamente de Lula para os Ferreira Gomes.

A mudança de posição de Dilma a conduziu à derrota em Minas e significou afastamento pessoal dela de seus anfitriões, Cid e Ciro Gomes.

Restava a Ciro a difícil posição de defender alguém com índice de popularidade baixíssimo, enquanto Haddad confraternizava com os que promoveram o golpe contra ela.

Desse modo, Ciro estava diante do pior dos mundos: assumia a um só tempo o desgaste político da defesa intransigente do mandato presidencial de Dilma e, eleitoralmente, o isolamento decorrente da composição e da aliança entre golpeados e golpistas.

Ante tal situação, restou a Ciro o reconhecimento do fiasco do segundo mandato de Dilma, consubstanciado na afirmação de que o governo Dilma foi muito ruim, o que, se não justificava o golpe, ao menos significava que sua impopularidade impedia defesa popular de seu mandato, isto é, houve golpe e não houve luta, bem ao contrário do canto da militância petista.

Portanto, a ruptura anunciada hoje é o suspiro de uma relação que já não existia.

PS: Reflitamos. Fosse Ciro misógino teria ele convidado Dilma para concorrer ao Senado pelo Ceará? Defenderia um misógino o mandato da Presidenta?