A chapa Lulalckmin é o resumo da política brasileira entre o Plano Real e a Lava Jato. A unificação dos antigos polos de disputa contra o novo inimigo, a “antipolítica” morista/bolsonarista, sinaliza a superação histórica daquele contexto, assim como a tentativa de restaurá-lo. Mas, como a história ensina, não existe restauração, toda tentativa nesse sentido é frustrada pela realidade.
Não se deve esquecer o passado, pois ele é o substrato histórico do presente, mas também não se deve buscar revivê-lo, pois se desperdiçará energia tentando o impossível. “E ninguém põe vinho novo em odres velhos; se o fizer, o vinho rebentará o odre e tanto o vinho quanto o odre se estragarão. Ao contrário, põe-se vinho novo em odres novos. (Marcos: 2: 22).
A grande questão hoje é a construção de um poder novo adequado. Para isso, precisamos viver o presente, sonhar o futuro e interpretar o passado a partir de hoje e das condições de hoje.
Nesse sentido, Lula e Alckmin, juntos ou separados, representam uma fuga do turbilhão do presente, assim como Moro e Bolsonaro representam uma mera negação da ordem que Lula e Alckmin simbolizam, sem colocar nada no lugar.
Faz-se necessária uma força afirmativa e construtiva, enraizada no passado mas não amarrada nele, com plena liberdade de, a partir dele e do legado e aprendizado que ele proporciona, movimentar-se no presente em disparada ao futuro. Sem essa força, o Brasil continuará à deriva, incapaz de seguir e muito menos de comandar o bonde da História.