O dilema dos torcedores brasileiros na final da Copa do Mundo

O dilema dos torcedores brasileiros na final da Copa do Mundo
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Por André Luiz Dos Reis – Qual seria o pior cenário para o Brasil nessa Copa? Não há dúvida nenhuma que a vitória francesa.

A França concebeu um projeto para suceder o Brasil como “país do futebol”, e não o esconde de ninguém. Envolve a garimpagem de filhos de imigrantes africanos a partir da estrutura neocolonialista europeia, mas com um trabalho competente voltado para a geração de novos valores. Nenhum país revela e forma jogadores como a França hoje em dia, exceção feita ao Brasil, onde o talento brota quase que naturalmente.

A seleção francesa tem sido muito bem sucedida em campo. Nas últimas oito Copas, são três finais, tantas quanto o Brasil. São dois títulos, mesmo número que o Brasil. Se forem campeões, serão três.

Neste século, das grandes seleções, a França é a que mais chegou a finais de Copas, três vezes. [Contra apenas uma de Brasil, Alemanha, Itália, Espanha e duas da Argentina]

Caso a França seja campeã, será a 1ª vez que um país consegue levantar duas Copas consecutivas desde o Brasil em 1958/62. O feito virá depois de desfalques de metade do time titular. Mais assombroso ainda, terá um jogador de apenas 23 anos, Mbappé, com dois troféus de Copa, criando a possibilidade real de que alcance a marca de títulos de Pelé.

Aliás, todo o projeto francês tem em Mbappé a sua culminância. Ele percorre um caminho muito bem arquitetado para que possa ser considerado o Rei do Futebol se essas taças chegarem.

No cenário mais amplo, o título da França também seria desastroso, pois representaria o quinto troféu consecutivo da Europa, que abriria então quatro Mundiais de vantagem para a América do Sul, uma distância que certamente não seria superada neste século.

Muitos alegam que vão torcer para os “azuis” por causa do bom futebol. De minha parte, não estou convencido de que eles joguem esse futebol, ou pelo menos não mais que seus adversários restantes. [Na verdade, eu considero esta seleção francesa semifinalista inferior tecnicamente à brasileira, e jogando um futebol mais reativo.]

Racionalmente, todo brasileiro deveria torcer contra a França. Se os franceses forem para a final, é melhor que percam, mesmo que do outro lado esteja a Argentina. Se a Argentina vencer, a distância da América do Sul para a Europa se reduz para dois mundiais, rompemos a hegemonia do Velho Continente, que dura desde 2006, e os hermanos não oferecem qualquer perigo à hegemonia brazuca.

Claro que não é tão simples assim, pois envolve paixão, algo que não está sob os ditames da racionalidade. Mas os argumentos elencados aí em cima permanecem. O Brasil venceu a disputa com Alemanha e Itália no século XX. A disputa nesse século é com a França, e uma vitória deles em 2022 nos colocaria notoriamente em desvantagem.

Na final entre Argentina e França os brasileiros terão de decidir se querem ser o maior da América do Sul; ou se pretendem continuar como o país do futebol.

Por André Luiz Dos Reis