Brasil deve manter a neutralidade na Guerra da Ucrânia

Brasil deve manter a neutralidade na Guerra da Ucrania
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Por André Luiz Dos Reis – As explicações sobre a Ucrânia tem de deixar de lado a propaganda dos que desejam que o Brasil se alie a um dos lados. [caso tanto de americanófilos pró-OTAN quanto de russófilos anti-Ocidente].

a) A OTAN tem caráter expansionista, e marcha para o leste da Europa desde o fim da Guerra Fria. A Rússia reclama com razão do cerco a que é submetida;

b) O Estado Russo tem caráter expansionista, e nunca titubeou em invadir e controlar diretamente os territórios da Eurásia. Sua natureza ‘imperialista’ é vista como um perigo por diversas populações do leste europeu, não só ucranianos, finalandeses e moldavos, mas também poloneses, lituanos etc.

c) A Ucrânia é campo de batalha destes dois poderes expansionistas. O governo atual, comandado por Zelensky, adotou retórica e práticas ultra-nacionalistas que implicavam em marginalizar e destruir a cultura e identidade russas de boa parte do território ucraniano [parte da população é russófona, parte é étnicamente russa, e a maioria não via problema em sustentar mais de uma identidade]. Ao fazê-lo, Zelensky cometeu crimes contra regiões inteiras do país e provocou uma guerra civil que acentua a intervenção da OTAN e da Rússia;

d) A Europa não é só massa de manobra nas mãos de EUA, ela tem objetivos próprios. Não interessa a nenhum país europeu viver sob a chantagem energética, militar e nuclear russa, que é repetida quase que cotidianamente em recadinhos patéticos enviados por altos figurões do Estado e do governo russos.

Por fim, esta guerra não pertence ao Brasil, que não precisa e não deve tomar partido. Todos os lados tem problemas óbvios: a OTAN é hegemonista, a Rússia aproveita para tomar territórios de outros países, a Ucrânia é ultra-nacionalista e etnocida com a população do Donbass.

Ao Brasil, não interessa fortalecer nem o direito de expansão da OTAN nem o intervencionismo de potências em vizinhos com a justificativa de que são “quintal geopolítico”. Os princípios históricos da Política Externa Independente exigem que critiquemos ambos os lados mas que não tomemos partido no conflito. Pelo contrário, temos boas relaçoes diplomáticas com estes atores, o que nos dá vantagens para mediar a futura e inevitável negociação de paz. Que virá em algum momento, e vai precisar de pontes. Pontes como a que temos a oferecer.

Lula não deve enviar armas para a OTAN. Nem para a Ucrânia. E tampouco para a Rússia. Deve criticar a expansão da OTAN, a invasão da Ucrânia, e a perseguição no Donbass.

Por André Luiz Dos Reis