Uma odisseia da fome

Uma odisseia da fome
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Por Alberto Imbiriba – O Brasil tem vivido nos últimos dois anos uma crise sem precedentes na sua história, do ponto de vista humano com questões de saúde publica e econômicas. Na parte econômica a alta dos preços atinge diretamente os mais pobres e vulneráveis, primeiro pela desproteção econômica pré-existente à pandemia, segundo pelo próprio caos socioeconômico criado pelo governo federal durante a gestão da pandemia. Enquanto os países desenvolvidos anunciavam gigantescos pacotes de auxilio aos seus cidadãos, o governo brasileiro apresentou um acanhado auxilio de apenas 600 reais para uma parte da população brasileira.

Tal valor proposto pelo governo, não cobre as despesas mais básicas da população brasileira, e com a chegada de 2021 juntando com o fim do auxilio, mais o agravamento da segunda onda pandêmica, a situação socioeconômica se agravou em níveis alarmantes. Mas esse texto não se propõe a tratar de um aspecto especifico do tema economia, a alta absurda dos preços de consumo da cesta básica e dos elementos primários para a sobrevivência de uma família brasileira.

A cesta básica mínima no Brasil hoje ultrapassa os 600 reais, isso falando das coisas mais básicas do consumo das famílias, não estando incluso aí gás de cozinha, energia, água e outras contas do dia a dia das famílias brasileiras. Na cidade de Belém (PA), por exemplo, o principal alimento da mesa dos belenenses, o açaí teve uma alta acentuada dos preços nos últimos meses, chegando a 24% em janeiro desse ano. Esse é um exemplo do aumento dos preços, com diminuição da renda e do poder de compra dos brasileiros.

Essa diminuição da renda atrelada a desemprego e pouca circulação de moeda, tem mudado o prato dos brasileiros e aumentado o endividamento das famílias, que tentam sobreviver a essa pandemia. Lembro que em março, no auge da segunda onda da pandemia, sugeri ao PDT e ao governo Edmilson de Belém distribuição de comidas prontas, porque mesmo tendo a cesta básica muitas famílias não tinham dinheiro para comprar gás, ou se a família tivesse doentes não conseguiriam cozinhar. Essa ideia era uma proposição para amenizar a fome que assolava e ainda assola muitas famílias, que percebem os preços dos produtos aumentar, sua renda diminuir e o desespero bater cada vez mais.

Outro ponto sobre a alta dos preços é a falta de controle do preço dos produtos nos supermercados que praticam preços absurdos, fazendo os mais pobres de refém em uma situação já muito complicada. Esse fator se torna muito importante pelo cenário construído durante a pandemia de caos e crise, exemplo disso foi o início da pandemia onde álcool e produtos de proteção individual, se tornaram artigos de luxo com preços superfaturados e sem nenhum controle das instituições do estado. Esse mesmo descontrole tem acontecido com o preço dos produtos da cesta básica das famílias, seja dos grandes mercados, dos pequenos ou das distribuidoras.

Essa é a odisseia de fome do brasileiro que não consegue ver a conta fechando no final do mês, apenas o aumento de preços semanalmente e o medo da fome assolando em meio ao desespero dos tempos de crise. Existem caminhos para vencer esse processo, mas eles não se encontram no presente próximo, nem em um futuro tão distante. A necessidade urgente das famílias brasileiras além da diminuição dos preços, e do aumento do poder de compra, se encontra no projeto que permita essas condições. Pensar nos desassistidos e nos inconformados é a única opção para vencer a odisseia da fome, antes que a próxima crise seja a falta total de alimentos na mesa das nossas famílias.

Por Alberto Imbiriba

Fonte: https://www.oliberal.com/economia/preco-do-acai-sobe-24-apenas-em-janeiro-1.359597