Boulos e Freixo – Dois militantes do campo da esquerda

Boulos e Freixo são dois militantes do PSOL.
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BOULOS E FREIXO, dois militantes do campo da esquerda. Duas pessoas por quem nutro admiração e afeto. Não serei humilde a ponto de ocultar que tenho muito a ver com o início da carreira política pública que os levou ao protagonismo de hoje.

MAS NÃO POSSO deixar de marcar meu contraponto com respeito a decisões bizarras que ambos vêm tomando ultimamente, muito, creio eu, por conta de assessorias que, longe de assessorar, simplesmente se pautam por aplaudir.

QUANDO BOULOS, nesse estranho movimento em relação à necessidade de aproximar a esquerda dos neopentescotais, faz referência ao comportamento desta mesma esquerda durante a Teologia da Libertação, ele não esquece de um dado fundamental? Ele não esquece que a Teologia da Libertação – esmagada pelo reacionarismo do papado de João Paulo II – tinha nos seus cardeais, bispos e padres os porta-vozes da conscientização dos oprimidos para a luta contra seus opressores? Que, nesta linha, operavam para produzir lideranças jovens para uma militância política inevitavelmente progressista?

PORQUE SÓ ISSO pode explicar o estabelecimento de contatos com “empresários da fé”, os pastores do dízimo em conta bancária, que operam justamente no sentido inverso na política assistencialista voltada para os desalentados. Voltada para que esses desalentados se tornem defensores da ordem estabelecida pelos seus opressores, renegando a ciência, na lógica da cura pelo “milagre da fé”. A valer comparação esdrúxula, é como se o sapo, na travessia do rio, acreditasse que uma conversa com o escorpião fosse capaz de fazer com que os dois chegassem ao outro lado do riacho, sem a ferrada letal inevitável do escorpião no meio do trajeto.

INDO ALÉM, considero que a ação política não se orienta pela distinção de militância em relação a credos religiosos, mas sim, em função dos conflitos entre o capital e o mundo do trabalho. É como trabalhadores que vejo o fiel. Se for empresário, pouco me interessa.

QUANTO A FREIXO, o que mais incontestável do que afirmar que estamos em guerra, no Rio principalmente, contra o crime organizado das milícias para-milatares, protegidas pelo conceito de Segurança repressiva contra favelas estabelecida há vários governos?

MAS COMO COMPATIBILIZAR isso com a busca de um acordo político, já olhando para 2022, com quadros dirigentes da direita dissimulada em “centro”, buscando diálogo e aliança com Eduardo Paes e Rodrigo MiniMaia, quando ambos, é sabido, foram parte do governo Cesar Maia, o prefeito que defendeu publicamente o comportamenteo “disciplinador” das milícias nas comunidades?

REITERO: DEPOSITO em Boulos e Freixo minhas mais ativas esperanças na liderança da luta por um outro Brasil. E é por isso que me meto nesse debate para o qual não fui chamado, mas que me sinto, por conta do que acumulei de fracassos pessoais, na obrigação de opinar.

Luta que segue!