Viva Tiradentes!

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Por Thomaz Herler – Por um bom tempo eu neguei o dia de Tiradentes, por considerar a Conjuração Mineira uma rebelião da elite, politicamente moderada frente à Cabanagem, Conjuração Baiana e outros levantes de independência mais radicalizados e compostos por gente genuinamente “do povo”, tais como trabalhadores pobres e escravos. Hoje, no entanto, reconheço a grandeza dessa data e de reivindicar Tiradentes como um ícone da nossa pretensão de liberdade.

Joaquim José da Silva Xavier, “Tiradentes”, era um alferes (2o tenente do exército), o único líder do movimento que fazia parte das classes subalternas em meio aos demais que eram padres, poetas, mineradores e fazendeiros. Por assim ser, era a “liga” dos conjurados com as camadas pobres da população mineira.

Silvério dos Reis, delator do movimento, era um dos vários membros da nossa elite que estava com a “corda no pescoço”, correndo o risco de perder suas posses durante a cobrança da “derrama”, execução das dívidas imposta pela metrópole Portugal aos mineradores brasileiros. Em troca do perdão de suas dívidas, Silvério entregou o movimento, colocando abaixo todo o projeto de liberdade que nele residia e assassinando Tiradentes.

Como dizia o velho Brizola, “o Brasil está cheio de Silvério dos Reis”, traidores apátridas pertencentes à nossa elite econômica e política capazes de entregar nossa soberania ao imperialismo em troca de alguns patacos. Em contrapartida, essa data nos ajuda a rememorar os vários Tiradentes que tivemos, lutadores sociais heroicos que foram duramente perseguidos, torturados e mortos por lutarem pela nossa libertação econômica e política do jugo do império português, inglês e, mais recentemente, estadunidense.

Há um pouco de Tiradentes em todos os que ansiaram e anseiam nossa liberdade. Há um pouco de Silvério dos Reis em todos os que contribuem diretamente para com a nossa dependência, traindo seu próprio povo e se comportando como lacaios do imperialismo.

Viva Tiradentes!

Por Thomaz Herler