A Infraero foi criada em 1972, no governo Médici, para administrar e expandir a rede aeroportuária brasileira com base no subsídio cruzado, pelo qual parte dos lucros dos aeroportos mais movimentados financiaria a construção e a manutenção dos aeroportos em regiões mais afastadas. Ela não foi constituída como empresa estatal porque faltava “capital privado”, mas porque somente o Estado poderia realizar uma tarefa dessa envergadura e garantir a integração e a segurança nacionais. Assim, a Infraero se tornou uma das maiores empresas de infraestrutura do mundo, controlando as portas de entrada e saída e as vias aéreas de um país continental.
Até que, em 2012, Dilmãe da Lava-Jato resolve iniciar o desmonte da Infraero e inaugura as famigeradas concessões de aeroportos, começando justamente pelos mais lucrativos, como Guarulhos e Galeão, para sustar o subsídio cruzado e forçar a concessão de todos os demais. Desde então não parou mais. Temer deu continuidade sem dó nem piedade e, ontem, Bolsonaro leiloou os 15 aeroportos restantes de um total de 66 que havia há dez anos atrás. A Infraero será absorvida pela EPL, uma estatal fantasma criada pelo PT justamente para dar fé pública ao esvaziamento da ação infraestrutural do Estado. Cadê todo o antipetismo do Bolsonaro? No mesmo lugar onde está o antiprivatismo do PT.
Como era de esperar, os resultados das concessões são os piores possíveis. Os aeroportos se transformaram em centros de especulação financiada pelo BNDES, que, de banco de desenvolvimento, virou corretora de patrimônio público e vaca leiteira para grupos privados sem nenhum interesse na produção. O aumento extorsivo das taxas sobre as companhias aéreas e os lojistas encareceram os serviços e até esvaziaram os aeroportos, como foi o caso do Galeão, que hoje, em termos de voos e comércio, não é 1/3 do que era antes de ser privatizado. Outro dia mesmo a concessionária dele o devolveu. Como não tem mais de onde tirar dinheiro, depois de ter sugado muito sem investir, simplesmente o abandonou, sem que haja ninguém para cobrar qualquer indenização dela.
O que fizeram com os aeroportos fizeram com toda a infraestrutura nacional, desintegrando a economia nacional e esfacelando o Brasil. Bolsonaro (direita), PT (esquerda), Temer (centro), a classe política toda, com aval do Judiciário e simpatia de grande parte das Forças Armadas, arrebentando o país para satisfazer os mesmos senhores financistas, enquanto os inocentes do Leblon e de Madureira brigam entre si para defender seus candidatos achando que estão cumprindo o seu papel de cidadão. Quando o estrago fica evidente, esses mesmos colocam a culpa no Médici, no Borba Gato, no Pedro Álvares Cabral, em Adão e Eva, afinal, eles não estão mais aqui para se defenderem.
