Bolsonaro já é ex-presidente em exercício

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JAIR BOLSONARO FOI ENQUADRADO hoje (6) ao final do dia – tudo indica – por pressões de uma frente composta por setores militares, presidentes da Câmara e do Senado e membros do STF.

Trata-se de uma derrota pesada para o Boçal. Não consegue sequer demitir seu ministro da Saúde (do mesmo partido de Maia e Alcolumbre). Sua autoridade se dissolve como Sonrisal em copo d’água.

A POPULARIDADE DE MANDETTA, captada pelo DataFolha, deve entrar na conta, assim como o longo documento do Centro de Estudos Estratégicos do Exército, divulgado pela manhã. O arrazoado recomenda isolamento sanitário, como recomenda a OMS, ao contrário do preconizado pelo miliciano.

No início da tarde, João Dória acionou sua artilharia verbal, em coletiva de imprensa. Após citar diversas personalidades mundiais favoráveis à quarentena – incluindo o Papa -, o tucano disparou: “Será que um único presidente da República no mundo é o certo?”

A convocação presidencial para o jejum nacional no Domingo de Ramos resultou em fiasco. Sem poder reunir grandes concentrações de fiéis, os bispos-picaretas gastaram saliva à toa e não puderam exibir cenas de teatralidade canastrã em seus canais de TV.

BOLSONARO SEGUIRÁ AÇULANDO sua manada – talvez até com mais raiva -, mas com eco cada vez menor. O Jornal Nacional desde a semana passada o ignora. Quer afogá-lo num tsunami de silêncio, sem esquecer de acusá-lo cotidianamente como responsável último pelo fato da ajuda de R$ 600 não chegar às mãos dos pobres.

Não há golpe branco, como diversos sites especularam mundo afora. Há uma focinheira sendo ajustada à força nas mandíbulas de um hidrófobo. Bolsonaro é hoje um trapo político, algo pior que um pato manco.

Temos literalmente um ex-presidente em exercício.

Por Gilberto Maringoni

 

  1. Não deveríamos subestimar a capacidade de reação de Bolsonaro. Pregar a tese de que teria deixado de comandar o governo é desarmar os espíritos para uma bastante provável tentativa de Bolsonaro lançar-se em uma aventura golpista com suas nada desprezíveis, do ponto de vista militar, milícias. A meu ver, Bolsonaro apenas procedeu a um recuo tático. Os milicianos (entre eles deveríamos contar nomes como o do General Heleno, para contestar a tese de que a composição das milícias é formada apenas por PMs e militares de baixo escalão) devem estar considerando a oportunidade ideal para o assalto final. Apenas se deram conta de que, nesse momento de mobilização popular em luta contra o coronavírus, um golpe de estado seria amplamente repudiado e seus autores figurariam como usurpadores, invasores. O golpe miliciano precisa ter algum eco popular para se justificar. Para isso, Bolsonaro espera poder contar com a grande capacidade de mobilização dos pastores vigaristas evangélicos. Bolsonaro parece, de fato, resignado ou, pelo menos, coagido pelas circunstâncias inesperadamente criadas pela pandemia do coronavírus, a não governar nesse período. Mas a situação politica que será instalada no período pós pandemia é impossível, nesse momento, antecipar. A única certeza que temos é que terá como pano de fundo uma profunda crise econômica e social, marcada por um trauma psicológico decorrente da experiência de luta em defesa da vida contra o coronavírus, que transformará as eleições municipais (que a oposição a Jair Bolsonaro não poderá jamais permitir que seja adiada para 2020) em um grande balão de ensaio para apurar a força da defesa bolsonarista de fechamento do Congresso e do STF. Sem uma Frente Ampla e Democrática, focada na necessidade prioritária de combater a força politica da aliança das milícias com as seitas evangélicas fundamentalistas, o golpe de estado bolsonarista triunfará. Lula e Ciro Gomes, petistas e pedetistas, terão que se esculhambar uns aos outros na clandestinidade ou no exílio. Quem sobreviver ao coronavírus verá!

  2. “Bolsonaro é hoje um trapo político, algo pior que um pato manco.”
    Não sei se chega a tanto. Pode até ser. Mas qualquer que seja o caso, ocorre o seguinte: no momento em que a sociedade brasileira for lembrada de que existe um troço chamado “Lula”, o capitão ressurge como uma fênix e é carregado nos braços do povo para o seu segundo mandato.

    Era para a esquerda estar nadando de braçadas neste momento. Foi se agarrar ao sindicalista cachaceiro criminoso, está lá no fundo do mar se afogando com ele.

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