Biden imita Ciro Gomes contra alta nos preços dos combustíveis

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No Brasil, existe um consenso entre os robber barons e a mídia tradicional para a defesa intransigente do liberalismo mais vil já existente. Para esse grupelho, é benéfico para o país que a Petrobras siga os preços internacionais do petróleo no mercado interno e, assim, venda combustível no Brasil pelo custo de oportunidade de venda em Rotterdã ou em Nova Iorque, por exemplo.

Assim, os brasileiros pagam em dólar combustíveis produzidos em reais. Simples assim. Seguindo essa política, nada – absolutamente nada – impede que a gasolina não bata R$ 10,00 por litro dentro em breve.

Para usar a expressão de Karl Polanyi, o mercado brasileiro de óleo e gás está tão desenraizado da sociedade que existe um consenso interessado do establishment segundo o qual seria intolerável qualquer tipo de controle político democrático sobre o setor. Cria-se um “moinho satânico” que devora a tudo e a todos – pouco importa se a gasolina bater R$ 10,00 ou não, basta inflar o caixa e distribuir antecipadamente dividendos para os acionistas minoritários interessados. O senhor tolere, isto é o sertão.

Do outro lado do hemisfério, que os asseclas fingem imitar, a coisa não funciona bem assim. Depois de aprovar um trilionário plano nacional para salvar a infraestrutura física do país e anunciar a injeção de 50 milhões de barris de petróleo cru para diminuir os preços, Joe Biden acaba de colocar o setor de óleo e gás dos Estados Unidos contra a parede. Lá existem controles políticos democráticos. Para Biden, é inadmissível que “empresas petrolíferas” (privadas, nota-se) lucrem “às custas das famílias americanas”. Ele pressionou o CADE norte-americano (Federal Trade Commission – FTC) a investigar as eventuais “condutas anti-competitivas” das empresas, em prejuízo aos consumidores.

Um império se faz assim: internamente, privilegia-se sempre seu próprio mercado interno e sua população; externamente, controla-se o cartel internacional do petróleo para extorquir outros países. Ao contrário de uma colônia, que busca agir da seguinte forma: internamente, busca-se sempre o maior lucro possível às custas de sua própria população e em detrimento do mercado interno; externamente, segue-se a “doutrina econômica” dominante, o que redunda na sua submissão ao poderio imperial.

Nos Estados Unidos, extorquir a população para aumentar lucros é considerado ilegal. No Brasil, a política de preços internacionais da Petrobras é celebrada amplamente. Sertão. O senhor sabe: sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias.