‘A Batalha’ levará Guazzelli para as salas de aula

“A Batalha” levará Guazzelli para as salas de aula.
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Não é de um horizonte recente o problema de prender a atenção dos alunos em sala para a matéria que se leciona, os métodos quase primitivos tendem a colaborar com essa dispersão dos menores. Sempre surge aqueles que pretendem inovar, métodos diferentes costumam ser desafiadores para quem aplica e interessantes para quem é alvo deles, falo com conhecimento de causa de quem já esteve dos dois lados do balcão.

Um desses métodos que mais me pareciam interessantes, principalmente enquanto aluno, são as adaptações de histórias, reais ou literárias, para outras mídias. Filmes são a forma mais ortodoxa de mudança de mídia para a sala de aula, mas alguns podem ser fortes indutores de sono, retirando toda a intenção de atrair mais os educandos. Outra maneira menos usual e que revelou grande sucesso foram as adaptações para os quadrinhos. Inúmeros livros famosos de nossa literatura e eventos históricos centrais se tornaram quadrinhos, com maior ou menor sucesso e qualidade artística, o que sobra à Eloar Guazzelli.

O gaúcho de Vacaria é há anos destaque do cenário dos quadrinhos por sua obra nada usual (aproveito e indico aqui a dobradinha Porto Alegre) e agora migra para um ramo que carecia da devida atenção, a história brasileira. Guazzelli ilustra “A batalha”, HQ escrita pela historiadora Fernanda Verissimo, que conta a história de um combate entre os guaranis da redução de São Luís e o exército da União Ibérica em 1756, uma centena de anos após a batalha fluvial de Mbororé, uma curva do rio Uruguai, contra os bandeirantes, marco da fixação final dos trinta povos das missões ali. A narrativa vai e volta pelo tempo enquanto nos mostra, no traço de Guazzelli pelo preto e branco, os paralelos dos combates.

Sem dúvida “A batalha” é a HQ mais artística entre as obras consideradas didáticas e abrilhantará qualquer turma de história escolar com sua presença pesada, atraindo, talvez, mais leitores jovens para o estudo crítico de nosso passado genocida e para a nona arte. Em meu otimismo ainda espero, nos convites que me ocasionalmente são feitos para revisitar minha antiga escola, encontrar um exemplar de “A batalha” nas mãos de algum aluno nos bancos do colégio, sempre lembrando da grande máxima “Um povo sem memória é um povo sem futuro”.