Ao se sujeitar a Lula, Freixo se apequena

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Por Cesar Benjamin – Como todos sabem, não tenho acompanhado a vida partidária brasileira e nem me arrisco a fazer previsões sobre o futuro numa situação tão cheia de incertezas. Mas não me furto a dar uma opinião sobre a evolução recente da política no Rio de Janeiro, a pedidos.

1. Creio que Marcelo Freixo é o candidato natural da esquerda ao governo do estado. Se fosse lançado pelo PSOL, seu partido histórico, toda a esquerda deveria apoiá-lo, incluindo PT e PDT, mesmo com candidatos diferentes à Presidência da República. Cabia ao PSOL chamar à unidade em torno do seu candidato no Rio de Janeiro. Este seria um caminho natural, que o próprio eleitorado imporia aos partidos. A esquerda teria uma candidatura política e eleitoralmente forte, legitimada por anos de uma atuação correta.

2. Considerando a gravidade do quadro político nacional, creio que o PSOL deveria ter deixado Freixo à vontade para articular os apoios que considerasse necessários, da forma mais ampla possível. A essa altura da vida, não faz sentido suspeitar de traições por parte dele. A paranoia não é boa conselheira.

3. Esse caminho exigiria grandeza de todos: do PSOL, na sua flexibilidade; de Freixo, na gerência desse maior grau de liberdade; de Lula, de Ciro e dos demais atores, ao aceitarem que um quadro do PSOL liderasse a esquerda no Rio de Janeiro, dividindo o apoio dele.

4. O caminho foi outro, como todos sabem. A saída de Freixo enfraquece o PSOL e ele mesmo. A vinculação de sua candidatura à de Lula força o PDT a buscar outro candidato, para que a campanha de Ciro tenha uma base no estado. A possibilidade de união deixa de existir. O PSB pensa que se fortaleceu, mas só cumpriu, mais uma vez, o papel de picolé de chuchu, aquele espaço sem personalidade, sempre disponível para se sujeitar a manobras dos outros. Elege parlamentares, mas, como partido, não vai a lugar nenhum.

5. O único agente ativo nessa história é Lula (o que pode ser lido como um mérito dele, como político). Todos os demais se acomodam à política que ele define, de acordo com seus interesses, ou são forçados a reagir a ela. O problema é que raramente, como neste caso, a política de Lula é a que interessa ao Brasil.

6. Feita a primeira grande concessão, seguem-se outras. Agora, Freixo se diminui, agindo como boneco de ventríloquo de Lula, ao pedir que Ciro retire sua candidatura. Adentramos no terreno da galhofa. (Em tempo: também não gosto quando Ciro pede que Lula retire a candidatura dele).

Segue a marcha da insensatez.

Num país de tantas opiniões, esta é a minha opinião.

Por: Cesar Benjamin.