19 anos sem Leonel Brizola

19 anos sem Leonel Brizola
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Por Juliana Brizola – São Borja representa a união entre passado, presente e futuro.

É o fio da historia que liga a esperança, a rebeldia e a luta de um povo. O fio de Getúlio, Jango e meu avô, Leonel de Moura Brizola, que hoje completa 19 anos de partida.

Sua ausência material é sentida por todos nós, que estamos cada dia mais órfãos. Mas seu legado parmenece imortal e será eterno em cada criança que sonha com um futuro digno, em cada jovem que busca na educação a chave transformadora de sua vida, em cada mulher que sonha em ver seu filho formado e longe da criminalidade. Em cada brasileiro e brasileira que busca um país mais justo, menos dependente das amarras que nos impedem de realizar o nosso destino, que é a grandeza. O Brasil será grande, meus amigos. Eu garanto a vocês.

Meu avô escolheu a São Borja de Getúlio para ser a última morada de seu grande amor, dona Neusa, que aqui tem sua memória eternizada neste mesmo local. A mesma Neusa que enfrentou a dor do exílio, das perseguições e das injustiças – com seu marido e sua familia, sempre se mantendo altiva e firme. Me inspiro dia e noite em sua figura, no seu amor e na sua força. Quantas noites de choro contido para não preocupar a família? Quantas vezes a dor de ser o alicerce familiar não tirava-lhe a noite de sono? Quão solitário foi essa batalha. Minha avó, Neusa Goulart Brizola, todos os dias eu procuro ter um pouco do teu brio. Dedico a você também esse discurso e essa homenagem. Nada seríamos sem você.

Meus amigos, a vida nos cobra coragem. E talvez tenha cobrado de poucos como cobrou de Leonel Brizola. O homem perseguido pela ditadura mais longa de nossa história. Que todos tenhamos a certeza: o golpe de 1964 só existiu para tirar a chance de Brizola transformar este país. O inimigo dos ratos que chafurdavam a lama do autoritarismo era a coragem de Brizola, o homem que queria tirar o país da subserviência e buscar um novo amanhecer, onde todas as crianças pudessem estudar, se alimentar, ter direito ao lazer e ao esporte. Foi contra isso que os golpistas lutaram, foi a luta do passado contra o futuro. As vezes, infelizmente, como diria Millôr, o Brasil tem “um longo passado pela frente”. E esse passado é longo, meus caros.

No retorno do exílio, a ditadura tirou de Brizola as três letras que sempre nortearam sua política. Mal sabiam que o partido trabalhista brasileiro, sem Brizola, era apenas uma sigla morta. Das cinzas e das lágrimas, mas também da esperança, nasceu o PDT.

O PDT que por onde governou, deixou o compromisso instransigente com a educação e com a justiça social, sempre mantendo-se (com as contradições normais da vida política brasileira), ao lado do povo mais humilde, da mãe, do trabalhador, dos que mais precisam de um partido. Para estes, o TRABALHISMO nunca faltará, e no dia que faltar, não terá mais razão de existir.

Nosso líder Carlos Lupi não pôde estar presente, por motivos realmente de força maior. É o primeiro ano desde a morte de meu avô em que ele não está presente em corpo, mas em alma, nunca vai deixar de ser o fiel guardião da luta de meu avô. Estamos todos aqui hoje em seu nome.

O mesmo Lupi que nos guiou na difícil tarefa que nos foi dada ano passado. Defender um legado como o nosso em “tempos de cólera” não foi tarefa fácil. Nossa candidatura saiu derrotada e a eleição não foi fácil para o nosso partido. Mas nada nunca foi fácil para quem está onde nós estamos. E nunca será. Por isso, como eu disse, a vida nos exige coragem. Coragem pra lutar pelo que acreditamos mesmo em conjunturas tão difíceis. Todos sabem que temos diferenças históricas com o PT, mas sabemos que depois dos 4 anos de desmonte, se abster de participar da reconstrução do país é prevaricar. E nós nunca prevaricaremos. O sobrenome do TRABALHISMO é coragem. E o nome da coragem é Leonel de Moura Brizola.

Por Juliana Brizola