Por Luiz Campos – Poucas coisas são mais brasileiras do que a cachaça. Símbolo da alegria e do espírito festivo de nosso povo, foi e é personagem presente desde cedo em nossa história. Se o açúcar, como observou Gilberto Freyre, foi força motriz no início da saga brasileira, lá estava a cachaça afogando tristezas e amplificando alegrias. Desde sempre bebida popular, contraparte do vinho dos ricos e europeus, a cachaça é o sangue mestiço transfigurado em néctar da terra.
E até os deuses dessa terra sempre querem um traguinho, exigindo a tradicional libação no solo: Não se bebe cachaça antes de oferecer um bocadinho ao santo!
Degustar uma boa caninha, da branca ou da amarela, é um rito com uma ortopraxia repleta de fórmulas e comportamentos para beber, convidar, agradecer e repetir. Só aprendemos isso nos botecos da vida, nas rodas de prosa com bons amigos e boa cantoria. A goela molhada de cachaça engendra palavras mais felizes e pensamentos festivos. A pinga é o combustível ideal para o que o brasileiro tem de melhor: a coletivização da felicidade.
Obviamente, a Frente Sol da Pátria reconhece os perigos das bebidas alcoólicas e os malefícios sociais que elas podem causar, mas o que enfatizamos aqui é a arte tradicional da degustação, feita apenas em situações e ambientes propícios. Cachaça tem hora, entre compadres e na cantoria!
Nossa cultura é habitada por fascinantes elementos, que nos pintam com as cores mais especiais desse mundo. A marvada pinga, cantada por Inezita Barroso, é uma dessas maravilhas mágicas do nosso Brasil.
Comemore com sua dose! Um brinde!
Por Luiz Campos
Publicado pela Frente Sol da Pátria