A última missão

sergio moro ultima missão castañon
Botão Siga o Disparada no Google News

Nos últimos dias lançaram o balão de ensaio da candidatura de Sérgio Moro a presidente da república.

O juiz candidato, aquele que impediu investigações contra o PSDB e condenou o candidato que liderava as pesquisas para depois se tornar ministro do segundo colocado, está sendo empurrado para uma candidatura suicida.

Moro não tem qualquer chance. A exposição de seus crimes e ligações com a CIA e o FBI na campanha serão arrasadoras para ele. O que antes era uma “teoria da conspiração” agora é um processo aberto sobre as irregularidades das relações da força-tarefa com o FBI.

A narrativa de que ele deve ser candidato para salvar o legado da lava-jato não vai colar. Ao ser candidato a presidente na primeira eleição logo após a operação, ele prova, na verdade, que toda a motivação dele era meramente eleitoral, menor que política.

O plano de Moro era ver a operação toda cancelada por seus erros pelas instâncias superiores, e depois surgir como um justiceiro que precisa lutar contra o sistema inteiro porque não o deixam fazer justiça. Era um projeto fascista acabado, de destruição da política e das instituições.

Esse script aí já foi vestido sem tanta ambição por Protógenes Queirós, e também não deu certo.

Ele próprio um corrupto, que negocia entrar no STF em troca de assumir um ministério, agora vai ter que fugir também do dilema narrativo em torno de sua imagem. Ou fez tudo errado nos processos para que eles fossem anulados e é um hipócrita, ou fez tudo errado nos processos porque é um incompetente.

O “conje”.

Maior destruidor individual de riquezas e criador de desemprego da história do Brasil, vai ter que explicar porque quebrou nossas multinacionais para extrair delações premiadas e depois foi trabalhar para escritório nos EUA que administra sua massa falida. Vai ter que explicar porque destruiu o projeto nuclear brasileiro.

Não tem apoio algum no meio político. Partidos como o novo União Brasil querem na verdade é seu apoio. O Podemos quer usá-lo para fazer bancada. Nem o VELHO de Amoedo pode apoiá-lo, pois já foi vendido para Bolsonaro.

O apoio no eleitorado é limitado. Em pesquisas com todos os nomes atinge em torno de 5%. Em pesquisas com só quatro candidatos atinge entre nove e dez por cento. Em todas, tem a maior rejeição. Nunca teria voto no segundo turno dos eleitores de Lula e Ciro. É o que carrega menos votos de Bolsonaro.

Moro só tem apelo para aqueles que vivem do udenismo lavajatista que sequer se importa com a economia e a vida da população. Ele é a imagem acabada de uma classe média alta de funcionários públicos de elite que vivem de benesses absurdas do Estado e de capatazes de corporações que têm estabilidade e só se importam com a manutenção das regras do jogo onde estão vencendo.

Moro também não tem o apoio da família para concorrer, pois nada do que ele enfrentou até agora como juiz protegido da mídia e da CIA se compara a colocar o peito aberto nas ruas e ter todos os seus pecados anunciados de megafone dos telhados.

Qual poderia ser o motivo então para ele concorrer? Se concorrer?

Quid prodest?

A entrada de Moro muda pouco o cenário atual. Ela prejudica mais Bolsonaro, que vai perder eleitorado direto. A curto prazo prejudica Ciro, que terá mais dificuldades de chegar grande nas convenções, mas a longo prazo pode facilitar a derrota de Bolsonaro no primeiro turno e assumir o desgaste de Lula. Ela é ótima para Lula, pois atrapalha seus principais adversários e transforma a eleição numa quarta instância de seu julgamento, tudo o que ele sempre quis.

Quem perde então?

Perde a “quarta via” liberal, que não poderá lançar candidato. Dória, Pacheco, Mandetta, Tebet, Leite, se tornam no dia seguinte sonhos de uma noite de verão.

Perde o Brasil.

A eleição será sobre Lula.

A radicalização aumentará.

Teremos dificuldades para debater propostas.

Moro não romperá a polarização nem pode entregar a pacificação do Brasil porque é, junto com Lula e Bolsonaro, um dos principais responsáveis pela desmoralização do judiciário brasileiro, corrosão das instituições e destruição de nossa economia.

Moro é o fascismo puro, a antipolítica, o bolsonarismo sem Bolsonaro, e virá com um programa neoliberal selvagem para tentar levar parte dos liberais com ele.

Mas perde também Moro, que terminará a eleição derrotado, com a imagem destruída, a família abalada, a Lava-jato na lama.

Moro não é um gênio, mas desconfia de tudo isso.

Portanto, volto a perguntar:

Qual o motivo?

Para mim, Moro só será candidato se estiver obedecendo ordens diretas de seus patrões norte-americanos.

Afinal, o objetivo geopolítico dos EUA no Brasil é simplesmente nos desintegrar como nação.