O sucesso da China e o fracasso do Brasil

O sucesso da China e o fracasso do Brasil bolsonaro xi jinping
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Por Diego Pautasso – A China transita rapidamente de “fábrica” para “centro tecnológico” do mundo. O crescimento do registro de patentes, da formação de profissionais nas áreas de engenharia e da relevância das Universidades indicam o acelerado desenvolvimento tecnológico do país oriental.

O país já ultrapassou os EUA em pedidos de patentes, mesmo que ainda vise melhorar a influência científica e valor comercial destas. Segundo a OMPI, em 2021, a China (1º) registrou mais de 69 mil – enquanto os EUA (2º) 59 mil.

Cresce o número e a qualidade dos engenheiros formados, bem como a publicação de artigos científicos. As Universidades chinesas avançam ano a ano nos rankings globais: 71 (3°) foram classificadas no QS World Rankings. Noutro ranking de 3 mil, a China liderou com 485 IES.

A tendência é que a China atraia, cada vez mais, cérebros tanto de chineses da diáspora quanto de estrangeiros, assumindo crescente centralidade como polo global de inovação. Trata-se de um deslocamento de poder com efeitos geopolíticos disruptivos.

Enquanto o Ocidente se achar portador do direito de classificar regimes políticos – e sequer olhar os dados -, o bonde da história vai passar por cima.

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O comércio exterior é outro âmbito surpreendente da geografia econômica da China. Em 2021, as importações e exportações da China denominadas foram de 6,05 trilhões de dólares. O quanto representa esse número? Vamos dar um panorama comparativo.

O sucesso da China e o fracasso do Brasil 1

Primeiro, revela um crescimento exponencial. Em 2013, o comércio exterior da China atingiu 4 trilhões pela primeira vez. Somente esse crescimento representa mais de 4 vezes o comércio exterior do Brasil em 2021 que alcançou 499,8 bilhões de dólares e superávit de 61 bilhões.

Os EUA, a superpotência, exportou, em 2021, 2.533 bilhões e importou 3.394,3 bilhões. Enquanto o déficit estadunidense foi de 861,4 bilhões, o superávit chinês foi 676 bilhões em 2021. Isso fala muito, desde o declínio relativo dos EUA até a Guerra Comercial.

Para quem acha que a economia chinesa tem como vetor o comércio exterior, está profundamente equivocado. Não é e ainda vem diminuindo a participação do comércio exterior no PIB desde 2006 quando chegou a 64%. Desde então, vem declinando sistematicamente, chegando a 35% em 2020.

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A comparação dos dados geoeconômicos de Brasil e China dá a dimensão não apenas do sucesso chinês, mas de nosso fracasso – sobretudo na última década.

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O PIB de Brasil e China se equivaliam até meados da década de 1990. Em pouco mais de duas décadas e meia, o da China já é mais de dez vezes maior: mais de 17 trilhões contra apenas 1.6.

Em 1997, nosso PIB per capita era de 5.282 dólares. O da China era de 781 apenas. Ainda em 2011 brasileiro era de 13.2 mil contra 5.6 mil do chinês. Em 2021 caímos para 7.5 mil e eles chegaram a mais de 12.5 mil.

O Brasil precisa urgentemente de um projeto nacional e voltar a se desenvolver. Nosso tamanho impõe necessidades e desafios obrigatórios. Resta pensar o longo prazo a partir das melhores experiências internacionais – e afastar esses liberalóides decadentes.

Por Diego Pautasso, Doutor e mestre em Ciência Política e graduado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é professor de Geografia do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) e professor convidado da Especialização em Relações Internacionais – Geopolítica e Defesa, da UFRGS.