A deterioração das social-democracias europeias

A deterioracao das social-democracias europeias
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Apesar de fortemente anticomunistas, as social-democracias alemã e sueca, as maiores da Europa, se notabilizaram, nos meados do século XX, pelo pragmatismo nas relações internacionais.

A Suécia social-democrata confinou 3 mil comunistas em campos de concentração e criou uma polícia política (IB) para espionar e reprimir esquerdistas, mas manteve a neutralidade em toda a Guerra Fria, foi o primeiro país a emprestar dinheiro à URSS após a II Guerra e assinou vários acordos comerciais e militares com a URSS, que era um dos principais compradores da sua indústria.

Na Alemanha ocidental, os governos social-democratas de Willy Brandt e Helmut Schmidt desceram o sarrafo na RAF, promulgaram leis de exceção e não pouparam esforços para reprimir e silenciar grupos mais exaltados à esquerda, mas pacificaram as relações do seu país com a Alemanha oriental e se aproximaram dos soviéticos, aumentando a sua capacidade de exportação industrial. O governo Schmidt também assinou um acordo nuclear com o Brasil à revelia dos EUA.

Os social-democratas suecos e alemães mantiveram na Guerra Fria, tanto quanto possível, uma altivez em relação aos EUA, com os quais eles queriam amizade, mas não subordinação. O capachismo dos atuais social-democratas nesses países aos EUA, chegando ao ponto de prejudicar suas indústrias e seu bem-estar para cumprir ordens do Tio Sam, é algo inédito e assinala o ponto a que chegou a deterioração da social-democracia europeia, que mais nada tem a ver com o que foi um dia.