Rio de Janeiro: a alavanca da história nacional

Avenida Presidente Vargas
Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, em 1944
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Por Pedro Bordinhão – É sabido de um canto ao outro do estado, de cabo a rabo no país, que o Rio de Janeiro não é pouca coisa. O Rio já sediou a capital, já foi referência mundial, já foi estrela de cinema e gestou as mentes mais brilhantes do país.

Quando se fala em história política do Brasil, é claro, o estado fluminense atinge grau elevado de importância, e não por ser superior aos demais estados da federação em quesito de desenvolvimento, mas por ter sido palco dos momentos mais emblemáticos e importantes do país. Foi no Rio de Janeiro que os trabalhadores primeiro se organizaram, foi no Rio de Janeiro que Getúlio Vargas inaugurou a CSN, promulgou a CLT e fez estremecer as estruturas oligárquicas da nação, foi também no Rio de Janeiro onde o presidente tirou a própria vida deixando ao povo o maior documento de caráter nacionalista e popular que se tem conhecimento: a carta-testamento. Lida por Fidel Castro e seus companheiros na cubana Serra Maestra, como também admirada por Mao Tsé-Tung na revolucionária China, o documento e o fato revelaram ao mundo o que se passava no Brasil. Foi também no Rio de Janeiro onde se apartaram sucessivas tentativas de golpes contra a então democracia inaugurada em 1946. Marechal Henrique Teixeira Lott, Sérgio Magalhães, José Gomes Talarico, Abdias do Nascimento, Benedicto Cerqueira, Darcy Ribeiro e Leonel Brizola são figuras que definitivamente marcaram a história do estado e do país, revelando o caráter irradiador que possui a sede da antiga capital.

No entanto, ao se elencar os fatos históricos e, em seguida, examinar o tempo presente, outra marca expressiva do estado vem à tona: a contradição. É sempre de se espantar que um ambiente com tantas potencialidades tenha se tornado um lugar marcado pela desesperança e pelo medo, sentimentos esses capitalizados e promovidos ininterruptamente pelos que acreditam serem donos e guias ilustres do país. E, nesse sentido, ao nos defrontarmos com a informação transmitida pelos grandes conglomerados de mídia, tal qual pelos algoritmos codificados de nossas redes sociais, torna-se cada vez mais remota a chance de que se compreenda o que realmente vem acontecendo no Brasil, no Rio de Janeiro e, de forma muito mais grosseira, no restante do planeta.

É nesse momento trágico da vida nacional que devemos, em união, pensarmos o futuro que queremos recordando o passado monumental que nos fez chegar até aqui. Porém, não abdicando de pontuar as falhas possivelmente cometidas nos períodos assinalados, até porque, diferente do que apregoa a cartilha neoliberal, não é possível que se construa uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna sem que se compreenda e se situe o cidadão em sua nação, em seu tempo vivido e sob as relações de poder a que está submetido. Leonel Brizola, como líder máximo do trabalhismo brasileiro ao retornar do exílio, sabia e pontuava continuamente a necessidade de que se conhecesse e entendesse a história brasileira e, por conseguinte, fluminense.

Por fim, o leitor atento saberá identificar com a lucidez que lhe é própria que a saída para o atual modelo econômico perpetrado pelas elites financeiras nacionais e internacionais está em um projeto de país bem formulado e pensado. O povo necessita, acima de tudo, de emprego digno, e para isso é necessário que sejam revogadas as atuais medidas de austeridade e desinvestimento público aplicadas no país desde o governo de João Figueiredo e que, hoje, fazem morada no governo de Jair Bolsonaro. É preciso que se desloque do setor de serviços a primazia da geração de empregos e se promova a industrialização do país e seu consequente desenvolvimento econômico. É hora de dar um fim às políticas destrutivas que colocam o sofrido povo brasileiro em posição de escravo frente aos monopólios e oligopólios internacionais. É chegado o momento de um Projeto Nacional de Desenvolvimento guiado pelas forças populares e que dê a autoestima, confiança e esperança para que, como ditado pelo velho sonho: sejamos o país do futuro.

Por Pedro Bordinhão, Coordenador de Comunicação da Juventude Socialista do Estado do Rio de Janeiro e estudante de Bacharelado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)