Observações sobre Tabata no Flow

Tabata no Flow
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A entrevista da deputada Tabata Amaral no Flow parece aquela falta cavada na entrada da área. Pareceu encomendada para jogar alguma água na fervura da passagem de Ciro pelo programa. Não vi toda a entrevista, mas por dever de ofício vi as duas partes que falam de Ciro e do PDT.

Sobre elas gostaria de rebater alguns pontos, com o mesmo respeito com o qual sempre me referi a ela.

1) Ciro nunca a xingou uma única vez na vida. Parte da militância sim. A mágoa é aceitável, a mentira não.

2) A “ameaça de estupro” que ela diz ter sofrido foi na rede, e não de alguém do PDT como ela insinuou.

3) Ela não foi tratada diferente por “machismo”, mas por ter sido a única a tratar o partido de forma diferente. Descumpriu a decisão do DN e ainda passou a atacá-lo.

4) A questão política que o Ciro falou no telefone não era obedecer ao Lupi, mas ao partido. Isso é sim política. O PDT é um partido trabalhista, a reforma extinguiu a aposentadoria, é bem simples na verdade.

5) “Ninguém pode servir a dois senhores” é Matheus 6:24, Cristo na passagem se refere a Deus e ao Dinheiro. Pelo jeito a deputada não conhece essa passagem clássica do Novo Testamento. Não, Ciro não estava achando que ela estava obedecendo outro “homem”. Não era “machismo”.

6) Ninguém que eu saiba jamais disse no PDT que Tabata era financiada pelo Soros, mas sim que tinha sido financiada pelo Renova BR (mas pelo PDT também, que fique claro; o partido pobre botou muitos recursos na campanha dela). Isso não é segredo para ninguém, é público, ela mesma sempre fala. Agora, se na hora que o partido fecha questão numa votação (o que é raro) ela obedece ao Renova BR e a seu braço “Acredito”, não ao PDT, que ela crie o partido Renova e seja feliz.

7) Tabata diz no Flow que Ciro não teria feito o que fez com ela se ela não fosse mulher. Mas que me conste ele responde processos por chamar de ladrão os maiores ladrões do país, todos homens perigosíssimos, e nunca lhe dirigiu uma mínima ofensa.

8) Ciro Gomes não só defendeu a reforma da previdência a campanha de 2018 toda, como disse Tabata. Ele continua defendendo. Isso porque a que ela aprovou não resolveu os problemas antigos e criou novos. Não acabou com os privilégios, não criou poupança e condenou milhões nesse país à morte no trabalho.

9) Tabata disse no Flow que há trinta anos atrás as mulheres não tinham direito de ter cartão de crédito. Não se pode desinformar a juventude assim para inflamar sentimentos sexistas. Absurdo tem limite.

10) O que houve com ela no PDT, resumidamente, não tem nada a ver com seu sexo. O problema é que ela, jovem promessa que era num partido trabalhista, votou pela extinção da aposentadoria para mais da metade dos brasileiros. Homens vivem em média no Brasil 73 anos. Mulheres 80. O cidadão médio passa 8 anos sem contribuir. Agora precisa contribuir 49 anos para aposentadoria integral. Se começa a trabalhar aos 18 + 8 desempregado + 49 contribuição = 75. Homens em média foram condenados a morrer trabalhando. Mulheres vão usufruir em média por pouco tempo.

O problema da Tabata é o seu individualismo. Ela realmente acredita que é “self-made woman”, que o mandato é só dela, que ela não deve lealdade política a ninguém, que não deve respeito ao partido ou a seu programa ou satisfação aos militantes que a ajudaram, e que seus eleitores não tem o direito de se decepcionar com sua atuação, de se sentirem enganados.

Eu gostaria de deixar claro, no entanto, que respondi a Tabata aqui com respeito, porque ela acusou o Ciro e o PDT. Não quero satanizá-la, como disse Ciro, sempre, é uma pessoa de muito mérito pessoal. Há convergência de algumas pautas e ela declarou claramente que votaria no Ciro contra Lula e Bolsonaro. Está buscando a terceira via. Bola para frente e fígado na geladeira. Mágoas ao oceano.

  1. Guatavo Castañon,

    Suas reflexões costumam ted muita qualidade.

    Reconhecer esta qualidade das suaz reflexões me levam a comentar que você, na questão previdenciária, poderia burilar um pouco as posições com atuários. É este tipo de profissional, com uma função aparentada com estatística, mas com curso de graduação específico, que deve informar as nossas opiniões nesse campo, e nunca a nossa ideologia.

    A própria Tábata, desculpe a referência, eu concordo com você quanto a ela estar errada quanto à atitude de Ciro com ela ter sido por machismo. Ciro pode ter tido um pouco de equívoco na atitude com Tábata, mas machismo, desta vez, não foi. Retomando: a própria Tábata, ness questão da previdência, por orientar a interferência política a partir de evidências, teria coisas para nos mostrar sobre isso e que levou a seu voto na reforma.

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