O legado da Revolução de 1924 e de Miguel Costa

O legado da Revolucao de 1924 e de Miguel Costa
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Se há um episódio da História Brasileira que é propositalmente ocultado pelo liberalismo, tanto de esquerda como de direita, esse episódio é a Revolução de 1924. A Revolução – que muito bem poderia ser chamada de a Revolução Esquecida – foi um dos principais marcos do tenentismo e pavimentou o caminho para a vitória nacionalista na Revolução de 1930. Ambos os episódios partilham do mesmo comandante militar: Miguel Costa.

Inspirados pelo positivismo, que nas terras tupiniquins convertera-se em uma legítima ideologia nacional e nacionalista a um só tempo, os jovens tenentes tomaram para si a herança dos independentistas e abolicionistas, procurando constituir uma segunda emanciapação para o Brasil:

Assegurar nossa soberania econômica.

Foi em contato com a chamada “Questão Social” que os tenentistas perceberam o vínculo indissociável entre equidade social, soberania nacional e desenvolvimento econômico. Contrariando as elites apátridas que haviam se apossado de São Paulo e Minas Gerais e que defendiam que a tal “questão social era caso de polícia”, os tenentistas esposaram a defesa da industrialização e dos direitos trabalhistas como meio para defender o Brasil.

Miguel Costa foi um dos mais importantes tenentistas. Coube ao jovem oficial da Força Pública, nome então da Polícia Militar de São Paulo, o comando da insurreição na Terra da Garoa. O intenso combate que se sucedeu teve um alto custo para a capital paulistana e para os revolucionários, o que levou Miguel Costa a adotar a tática de negar combate ao inimigo e marchar pelo interior bandeirante.

Iniciava-se, assim, a longa marcha da Coluna Invicta, que cruzou todo o Brasil sem jamais ser derrotada.

No exílio, foram entabuladas negociações que levaram Miguel Costa ao Comando do Exército Revolucionário dos nacionalistas, cuja vitória em 1930 foi o ponto de partida para a industrialização do Brasil e constituição da nossa consciência nacional, corporificada na estrutura sindical varguista.

Permaneceu leal ao nacionalismo em 1932, quando foi preso durante a insurreição patrocinada pela elite apátrida naquele ano, que visava restaurar o status quo do Brasil como país agrário a serviço das potências ocidentais.

Miguel Costa, amigo e camarada em armas de Prestes, pagou alto preço pelos erros estratégicos do pecebista. Perdeu sua patente e influência política.

O programa do Disparada no Youtube, o Questão Nacional, recebeu Yuri Abyaza Costa, autor de dois livros sobre seu avô, Miguel Costa, e especialista em tenentismo. A conversa abordou a biografia do tenentista, detalhes do levante de 1924 e muito mais!

Confira a conversa inteira aqui:

Você pode encontrar os livros de Yuri Abyaza Costa nestes links:

https://livraria.imprensaoficial.com.br/miguel-costa-um-heroi-brasileiro.html

Link pro filme “São Paulo: Cidade Aberta”:

http://www.cpcumesfilmes.org.br/prestashop/capitulos-da-revolucao-brasileira/3-dvd-sao-paulo-cidade-aberta.html

  1. Já que o articulista menciona a questão da ocultação que envolve o tenentismo, falemos sobre o que também não é dito. O tenentismo foi um movimento profundamente problemático no que se refere às suas bases políticas. Não possuía alicerces teóricos que o orientassem, era genérico, difuso e maleável; tanto foi assim, que tivemos tenentistas que acabaram por aderir a tendências fascistas, bem como ao comunismo. Se, por um lado, Getúlio utilizou os tenentistas para que chegasse ao poder em 1930, ele também foi o principal responsável pela dissolução do movimento – uma vez consolidado no poder. Diversos tenentistas participaram ativamente do golpe militar de 1964. Dizer “que os tenentistas perceberam o vínculo indissociável entre equidade social, soberania nacional e desenvolvimento econômico” pouco significa, pois esta percepção tanto poderia se dar por parâmetros eminentemente liberais, como por uma perspectiva comunista. Afinal, de qual orientação política estamos falando? Melhor, qual orientação política queremos?

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