A questão não é Alckmin; é o programa

A questão não é Alckmin
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Há certa controvérsia entre a esquerda – em especial no PT e em simpatizantes – com uma possível chapa presidencial composta por Lula e Geraldo Alckmin. A notícia foi veiculada pela sempre bem informada Mônica Bérgamo. Nada indica ser falsa, mas tudo leva a crer que se trata de um balão de ensaio. Ninguém articula composições desse tipo a um ano da disputa eleitoral.

Em geral, tais decisões se dão em período próximo ao pleito, como resultado de arranjos mais maduros entre diversas forças políticas. Mesmo assim, vale especular um pouco a respeito.

É bem provável que tal aliança seja uma das possibilidades aventadas pelo ex-presidente Lula. Eleitoralmente, teria grande força. Para quem já compôs com Meirelles, Temer, Crivella, Cabral, Márcio Thomaz Bastos, Joaquim Levy, Sérgio Cabral, Delcídio Amaral, Aldemir Bendine e grande elenco, uma aproximação com o ex-governador de São Paulo não é problema algum. O grande nó é se o pindamonhangabense – que tem o palácio dos Bandeirantes ao alcance da mão – toparia trocar o quase certo pelo duvidoso.

Há um problema político a mais, que talvez seja o principal. Nenhuma fração do capital – e Alckmin representa várias – toparia se somar com quem quem deseja o fim do teto de gastos.

Assim, a controvérsia deve ser colocada em seu ponto correto: Lula toparia acabar com o teto, a política de preços da Petrobrás, devolver direitos sociais retirados pela reforma trabalhista, revitalizar os bancos públicos etc. etc.?

As alianças com o neoliberalismo em 2002 – capitaneadas por José Dirceu e Antônio Palocci – foram precedidas por um programa claro, a Carta aos Brasileiros. Agora trata-se de implodir a Ponte para o Futuro.

Se o programa de Lula for esse – a desmontagem do golpe de 2016 e da onda de extrema-direita -, a aliança pode ser feita com absolutamente qualquer um. Esse deveria ser o centro do debate – o programa – e não sua fulanização.