Os planos da elite financista para 2022

Os planos da elite financista para 2022
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Paulo Nogueira publicou no seu Facebook uma análise de quatro linhas que, na verdade, repete parte do que tenho dito há muito tempo para vocês que me acompanham, com as diferenças naturais impostas pelo velho wishful thinking petista.

Segundo Paulo, o sistema financeiro (ou, na linguagem lulista, a “turma da bufunfa”) tem quatro planos para essa eleição, e se considera no momento “coberto”, na linguagem da corretagem. Plano A, Moro; plano B, Bolsonaro; Plano C, Lula colonizado e Plano D Lula com golpe.
É aqui que entra o wishful thinking da “guinada à esquerda” petista. O sistema financeiro hoje só tem dois planos. A e B.

O Plano A da elite oligarca nacional é o agente Sérgio Moro. Para promover o justiceiro injusto, o juiz fora-da-lei, se casaram diante de nós os serviços de inteligência norte-americanos, o lava-jatismo, a direita política criminosamente poupada da lava-jato, a mídia “”liberal”” e o mercado financeiro (produzindo ao menos quatro “pesquisas” depois de sua entrada). É uma coligação poderosa, mas não podemos nos esquecer que nunca elegeu nada no Brasil. Seu candidato em 2018, Alckmin, acabou com 5% dos votos. Mas é bem verdade que a NSA, naquela eleição, tinha outro candidato…

O plano B da elite brasileira, ao menos do mercado e da mídia, já não é, no entanto, Bolsonaro. Bolsonaro sempre foi um outsider, um homem que impôs um lugar à mesa para sua incultura e imbecilidade com a força do voto popular. Bolsonaro, sabem eles agora, é prejuízo e arrisca a galinha dos ovos de ouro de nossa elite, a estabilidade política. Ele ainda tem uma vantagem sobre Lula: entregaria muito mais facilmente o que sobrou do Estado para os donos do dinheiro no Brasil trocarem seus títulos por ativos reais, mesmo que como sócios minoritários do capital transnacional. Lula, por sua base corporativista, teria mais dificuldades de fazê-lo. Entregaria fatias, como já prometeu, como a Caixa ou Eletrobrás. Então por que Bolsonaro não é mais o plano B do sistema? PORQUE ELE JÁ PERDEU. Não tem qualquer chance de se reeleger.

Então qual é o plano B do sistema? O plano B é retomar os laços que a Lava-jato rompeu com Lula. Isso não se fará sem desconfiança, afinal, a traição do sistema a Lula deixou marcas no ex-presidente. Hoje, a elite teme que Lula, de repente, se torne uma pessoa de caráter e queira se vingar de seus algozes e mudar os rumos do modelo econômico brasileiro. Acho esse temor inteiramente infundado. Lula já deu inúmeras provas durante toda sua vida de que não tem caráter nenhum. E ninguém muda aos 80 anos.

Mas é em nome desse temor que o sistema exigirá de Lula um vice do mercado. Pode ser Meirelles, Alckmin, Huck, Armínio, qualquer coisa. Como o horizonte de Lula é narcísico e se resume a voltar ao poder para apagar sua imagem de presidiário, vai topar. Na verdade, ele está ávido por isso. O Lula que Paulo Nogueira pinta, que vê isso como uma ameaça, simplesmente não existe.

Se o Brasil estivesse em algum lugar remoto na ordem de preocupações de Lula, ele saberia que esse modelo morreu e sua perpetuação vai colapsar o Brasil. Portanto, estaria preparado para mudá-lo. Isso o impediria de trazer um vice que colocasse sua vida ou mandato em risco, ou seja, um vice do sistema.

Mas Lula não se preocupa nem um pouco com isso, porque ele sabe que não tentará nada. Ele só quer provar, como falou no último podcast onde deu entrevista, que “administra o Brasil melhor que a elite”. Ele espera que a explosão desse modelo se dê depois de sua passagem pela presidência, seja por fim de mandato, seja por morte.

Lula quer tanto Alckmin de vice porque quer provar isso logo para a elite. Seu horizonte é vencer as eleições, não mudar o Brasil. Paulo Nogueira, portanto, não precisa temer uma colonização do Governo Lula. O governo Lula sempre foi um governo colonial. Foi o governo que primarizou e desindustrializou o país em nome da modernidade.

Só há um candidato totalmente fora dos planos da elite financista nacional. Seu nome é Ciro Gomes. Só ele propõe abertamente deter a progressiva desnacionalização de nossa economia. E sem essa desnacionalização, nossa elite não terá sócios para roubar o BB, a Caixa, a Eletrobrás e a Petrobrás do povo brasileiro, porque nem capital para isso ela tem.

O plano A e B da elite nacional é Miami.

Se seu plano é o Brasil, sua única opção nessa eleição será Ciro Gomes.

  1. A empolgação do Gustavo é grande com o Ciro. Mas o Ciro faria concessões ao capital caso eleito. O Benevides já relativizou posições para agradar mercado. Ciro não fala em rever a destruição da previdência, possibilitando que as pessoas voltem a ter direito a se aposentar.

  2. O articulista é professor de filosofia e não é professor de história, nem professor de economia… E isso transparece em seus textos.

    Essa “afirmação” do seu texto (” Foi o governo que primarizou e desindustrializou o país em nome da modernidade”) é desconectada com a realidade histórica e econômica brasileira, pois parece desconhecer que a “primarização” ocorre ainda na década de 1980 e ganha muita força nos desgovernos Collor e em maior tempo nos desgovernos FHC/PSDB (que Ciro inclusive foi ministro da economia em curto período).

    Além dessa falta de conhecimento histórico interno, também poderia contextualizar com tendências mundiais (já que a financeirização, principalmente sob o catalisador digital, é uma tendência mundial nos países industrializados) e com as poucas contra-tendências (notadamente países do leste asiático, principalmente a comunista China) e seus contextos particulares… Até para os seus textos não serem tão simplistas e parciais (parcial, pois o indicado para ser o provável ministro da economia de Ciro seria Mauro Benevides, que não me parece buscar grandes mudanças… muito menos quando Ciro corteja Datena, Tasso Jeirissate ou ACM Neto… que estão na mesma derrapada apontada em relação a se aproximar a Alckimin, Meireles ou Armínio Fraga).

    E para finalizar, gostaria de registrar que tenho admiração pelo Paulo Nogueira Batista Jr que escreve textos muito menos simplistas que estes e tem coerência não só da boca para fora, mas em suas ações ou quando foi ministro (e seria novamente um excelente nome para Ministro de muitas pastas do Poder Executivo Federal, principalmente se for escolhido Ministro da Economia).

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