Por Rennan Ziemer – O governo Bolsonaro está cada vez mais fraco. Além das milhares de mortes e da crise econômica, o escândalo de corrupção na compra das vacinas Covaxin é muito mais grave do que as causas que levaram ao impeachment de Collor e Dilma. A grande novidade que as gerações que cresceram durante o período democrático nunca presenciaram foi a ascensão da extrema-direita ao poder, que coopta militantes à base de estratégias de comunicação complexas e difíceis de entender. Há uma grande proliferação de mentiras e teorias da conspiração que para nós militantes de esquerda simplesmente são tão absurdas que é difícil imaginar que alguém vai acreditar. Aqui nós falhamos, pois milhões de pessoas foram enganadas e continuam ao apoiar o presidente. Nosso adversário eleitoral não é o neoliberalismo esclarecido do PSDB, o inimigo atual é o fascismo.
O momento atual é o ideal para grandes manifestações e o PDT deve participar de todas, passeatas, bicicletadas, carreatas e militância online. Mas é preciso ter em mente que uma manifestação pelo impeachment é diferente de uma campanha eleitoral. Nas eleições, é possível que um candidato à presidência chegue ao segundo turno com algo em torno de 25% dos votos válidos, que já exclui brancos, nulos e abstenções. Ou seja, mesmo sendo minoria, a esquerda tem poder de levar pelo menos um candidato ao segundo turno, para depois haver uma disputa de rejeições entre os dois mais votados.
O impeachment é algo completamente diferente, é preciso ampla rejeição ao governo, o nível de aprovação deve estar pelo menos abaixo de 20% para que o Congresso Nacional coloque suas engrenagens para funcionar. A esquerda isolada não tem poder suficiente para viabilizar um impeachment, é preciso apoio do centro e da direita democrática para se atingir ampla maioria da opinião pública em favor da derrubada do governante.
As atuais mobilizações não observam essa necessidade. Há uma hegemonização das organizações em torno de partidos de esquerda, tanto entre as entidades organizadoras, mas principalmente nas bandeiras levantadas, na sua maioria vermelhas e do PT, que funcionam como um repelente para cidadãos que não se identificam com a esquerda e com escândalos do passado recente.
Portanto, é papel do PDT criar essa ponte com partidos e organizações de centro e direta democrática para conquistar o apoio de grande parcela da população, criando eventos e protestos paralelos que acolham esse público que está insatisfeito com Bolsonaro, mas que também não aceita o retorno do petismo. Inclusive, como se verifica das últimas campanhas de comunicação, é este público que o Ciro pretende atingir com seus novos vídeos.
O petismo está fazendo corpo mole em relação ao impeachment e todo mundo sabe o motivo: o PT está praticamente garantido no segundo turno e o adversário preferencial é o Bolsonaro com sua enorme rejeição. Por isso o papel do PDT e de seus movimentos de base deve ser mobilizar e articular manifestações próprias, convidando forças de fora da esfera de influência petista para organizar protestos.
Por Rennan Ziemer, presidente do PDT Diversidade Paraná