O quadrinho brasileiro vence em Angoulême

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Nesse sábado (19) Marcello Quintanilha alçou seu já consagrado nome ao mais alto posto do quadrinho mundial ao ser o primeiro brasileiro a vencer a Fave D’our, prêmio máximo do Festival de Angoulême, por “Escuta, Formosa Márcia”. A história é um rompimento com o estilo narrativo neorrealista característico do autor, sendo um retrato nada documental, influenciado pelo teatro do absurdo de Samuel Beckett, da vivência diária de uma enfermeira carioca na comunidade em que vive no Rio de Janeiro.

Marcia se divide entre o trabalho, seu marido Aluísio e a filha Jaqueline, a que mais lhe dá preocupações. A violência do lugar comum se entremeia ao roteiro, sendo seu motor e trabalhando a relação mãe e filha. O título da obra vem de uma modinha imperial que Márcia encontra em um CD — e cuja audição a desperta para uma nova percepção do seu mundo. “’Escuta, Formosa Márcia’ trata dos desdobramentos sociais e políticos a que nefastas escolhas das administrações públicas conduziram uma imensa parcela da população”, afirmou Quintanilha em entrevista ao Estadão.

Marcello, que atualmente vive na Espanha, já é figurinha carimbada de Angoulême, em 2016, com a HQ “Tungstênio”, ganhou o prêmio de Melhor História Policial, que posteriormente virou um filme com direção de Heitor Dhalia (“Serra Pelada”).