Por que o nome de um marechal para o Centro de Estudos do Nacionalismo

Marechal Horta Barbosa
Botão Siga o Disparada no Google News

Nesta segunda-feira, 13, o Centro de Estudos do Nacionalismo Marechal Horta Barbosa será inaugurado com a participação de Bresser-Pereira, Ciro Gomes e Darc Costa. O novo centro é vinculado ao Instituto de Estudos Estratégicos (INEST) da Universidade Federal Fluminense (UFF), voltado para pesquisas e debates sobre as teorias explicativas do nacionalismo e as questões relacionadas à defesa nacional.

“O surgimento do Centro de Estudos do Nacionalismo Horta Barbosa significa a criação de um espaço na academia que cultua a nossa independência, a nossa soberania e a grandeza de nosso país”, afirma Darc Costa.

As presenças de Darc Costa, Bresser-Pereira e Ciro Gomes no lançamento têm um significado emblemático. Os três, com suas respectivas experiências, ideias e visões, são importantes atores, dentre outros, para as ações de defesa nacional e desenvolvimento do país.

Num momento em que vemos nas ruas, como no feriado do Dia da Independência, faixas de manifestantes contra a democracia com frases em inglês, ficam mais do que claras e vergonhosas as intenções de sequestro das cores e símbolos nacionais numa pantomima que já dura há três anos.

Mas, a criação do novo centro de estudos não significa uma reação imediata apenas ao fundo do poço a que chegamos pelo atual desgoverno. Sim também a todo um processo que vem recrudescendo desde o auge do receituário neoliberal, na década de 1990, imposto aos países da América Latina e outros pelo Consenso de Washington.

Não à toa o novo centro levar o nome de um militar porque, apesar do filme queimado de muitos militares pelo atual governo, sabemos que as Forças Armadas têm importante e estratégico papel em qualquer sociedade. Militares, em tese, deveriam estar associados à defesa nacional, e não a um nacionalismo de araque.

Diferentemente de muitos militares atuais e dos envolvidos diretamente no golpe de 1964 e na manutenção de uma ditadura de 20 anos no país, Horta Barbosa foi um marechal que deveria estar no panteão dos heróis brasileiros. Como líder da campanha “O petróleo é nosso”, percebeu a importância estratégica desse recurso natural para o país e acabou contribuindo, de forma decisiva, para a criação da Petrobras em 1953 por Getúlio Vargas.

Essa sinopse relâmpago basta para contrastar qualquer falácia ‘cosmopolita’ ou supostamente ‘modernizadora’ – na verdade, entreguista –, seja de militares ou de civis, que, tanto agora, como no passado recente, contribuíram para deixar o país à deriva em termos de enfraquecimento do estado nacional e de sua soberania.

Não deixa de ser uma situação paradoxal o enfraquecimento e desmantelamento do estado nacional. Como diria Joachim Hirsch, tendo como base a teoria materialista do estado, as contradições do sistema capitalista fazem também com que os estados nacionais ‘fortaleçam’ determinados mecanismos regulatórios não para sua soberania, mas sim para chancelar a livre circulação de interesses rentistas e outros em território local, que nada têm a ver com os da nação. Ou seja, um ‘fortalecimento’ estatal contra a sociedade.

Afinal, petróleo e outros recursos, ações e situações dizem respeito à infraestrutura, e esta, grosso modo resumindo, numa construção de sinônimo e sentidos, significa estado. Infraestrutura não se resume a um ‘setor’ da economia, mas sim outro nome para estado.

Não se governa e não se empreende o desenvolvimento de um país sem infraestrutura, mediante os recursos naturais disponíveis e as diversas forças produtivas envolvendo ações voltadas para as indústrias, estradas, ferrovias, hidrelétricas, portos etc. e, claro, uma multilateralidade produtiva nas relações internacionais.

A criação do novo centro de estudos é uma iniciativa do Professor Emérito da UFF Eurico de Lima Figueiredo, coordenador do Núcleo de Estudos Avançados (NEA) do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST), da Universidade Federal Fluminense. Reúne pesquisadores originários de diversas instituições brasileiras e argentinas, como a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade de São Paulo (USP) Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), a Universidade de Buenos Aires (UBA), a Universidade Nacional de Lanus (UNL) e a Universidade Nacional de Rosario (UNR).

Deixe uma resposta