De férias com sua esposa Janja (56) na base naval de Aratu (BA), o presidente Lula (77) interrompeu seu descanso de carnaval para visitar as regiões do litoral norte do estado de São Paulo atingidas por fortes chuvas nos últimos dias. Ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito da cidade de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), uma das mais atingidas pelo temporal, Lula (PT) disse que aquele encontro era uma demonstração de que é possível unir pessoas de partidos diferentes para resolver problemas do país.
“Queria mostrar para vocês uma cena que há muito tempo vocês não viam no Brasil: um governador, um presidente e um prefeito sentados numa mesa ou na frente do microfone, em função de uma coisa comum e que atinge a todos nós” afirmou o presidente. “A presença do governador Tarcísio, do companheiro Felipe, prefeito, e do governo federal é uma demonstração de que é possível a gente exercer a nossa função na democracia mesmo quando a gente pertence a partido diferente ou pensa diferente ideologicamente”, completou o petista.
Sem dúvidas uma louvável atitude a do presidente Lula de interromper suas férias para ir visitar os locais afetados pelas chuvas, especialmente sucedendo a um governo que mostrou grande insensibilidade em tragédias de igual porte, ocorridas ao longo de seu mandato. Entretanto, faz-se necessário ressaltar um fato incontestável que pouco tem sido reforçado no noticiário sobre a destruição provocada pelo último temporal: ano que vem, mais ou menos no mesmo período, choverá forte de novo. Será que o presidente Lula vai precisar interromper suas férias de novo, e de novo, e de novo?
Temporais são inevitáveis, mas as tragédias das chuvas são causadas pela falta de investimento em obras de contenção de enchentes, estabilização de morros e programas de moradia para realocar as pessoas que vivem nas áreas de risco, de preferência antes dos demoronamentos ocorrerem. Contudo, tais medidas não parecem estar nos planos próximos do governo que se encaminha para realizar forte ajuste fiscal, como prometido pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (60), mesmo após o déficit autorizado pelo Congresso na PEC da Transição.
Um indício desse “esforço fiscal” a todo custo foi o anúncio do ministro Haddad feito após a visita de Lula ao local da tragédia em São Paulo. Ao invés de propor investimentos, anunciou com orgulho que a contribuição de seu ministério era enviar para os desabrigados muamba apreendida pela Receita Federal.
Portanto, tudo indica que o presidente Lula deve interromper outras férias pela frente para fazer mais discursos de frente ampla, que produzem boas fotos sem gerar custos, não colocando em risco as metas de superávit fiscal perseguidas por seu ministro.
*****************
Correção:
Como alertado por alguns leitores deste portal, o socorro às vítimas por parte do governo federal não se limitou apenas ao envio de muambas dos galpões da Receita Federal. O governo Lula também anunciou a liberação de 2 milhões de reais para ajudar as vítimas.
Você leu certo: “2 milhões” com M de mariola.
