Em mais uma de suas entrevistas para a mídia autodeclarada independente – e por sorte não se mede dependência por declaração – Lula aventou a hipótese de não comparecer aos debates eleitorais. Ele criticou o “formato” atual e disse que prefere bancadas de jornalistas. É perfeitamente razoável, afinal Lula banca meia dúzia de ex-jornalistas fracassados que passam horas perguntando sobre a grossura de suas coxas e fugindo de assuntos como a crise econômica herdada do petismo. Quem precisa de debate?
Lula não precisa se rebaixar a explicar suas alianças como o convite para Geraldo Alckmin ocupar a vaga de vice na chapa, ou seu programa sem revogação da reforma trabalhista, e até a indicação de abrir o capital da Caixa Econômica Federal para o mercado privado.
A vassalagem apoia. Seus veículos (de comunicação) locados prontamente disseram, ipsis litteris “ele não quer se desgastar com candidatos desesperados e agressivos como Bolsonaro, Moro, Ciro Gomes e Doria”.
Os debates não merecem Lula. O Brasil não merece Lula. Os candidatos não merecem Lula. A monarquia do atraso petista não ousa discutir com a República seus planos para o país. É só picanha, churrasco e um presidente que soe viril – o identitarismo é meio freudiano mesmo.
Não seria a primeira vez que o ex-presidente foge dos debates. Quando o lulismo enfrentava as denúncias de compra de votos no mensalão, em 2006, Lula também fugiu. Na primeira vez, ainda existia o papo de que “a mídia burguesa quer derrubar o PT”. Depois que a mídia burguesa virou o PT (ou revirou), a nova desculpa é o formato. Quando mudarem o formato, a desculpa será qual?
O Brasil não cabe mais nas desculpas petistas. Juros altos? Problema do Banco Central. Desindustrialização? São os novos tempos. Recessão? É a necessidade do ajuste fiscal. Voltemos ao passado, sempre aguardando uma migalha de progressismo para bradamos que temos “o primeiro operário na presidência”.
***
Leia também “Por que Lula não aceita um debate com Ciro Gomes?“