Os liberais e a repressão policial

Os liberais e a repressao policial
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Nem o fascismo nem o comunismo veem a repressão policial pura e simples como o principal instrumento de manutenção da ordem política e social. Pelo contrário, ambos são críticos do “Estado policial” e pensam que a ordem deve ser mantida por mecanismos extra-repressivos, como o corporativismo de partido único, pelo lado dos fascistas, e a socialização dos meios de produção também com a direção de um partido único, pelo lado dos comunistas.

Quem tem a repressão policial como principal meio de pacificação social é o liberalismo, que, justamente por defender um Estado não-intervencionista em questões sociais e econômicas, precisa de um Leviatã jurídico e policialesco para conter as tensões e os impasses que sempre explodem quando não existem princípios reguladores coletivos para equilibrar os interesses particulares.

Mas, curiosamente, quando liberais de direita ou de esquerda mandam a Polícia e o Judiciário sentar a mão contra seus adversários, e geralmente fazem isso com bastante gosto, eles acabam sendo chamados de fascistas (pela esquerda) ou de comunistas (pela direita). Daí que os liberais acabem sempre aparecendo como moderados e ponderados, quando, na verdade, muitas vezes são até mais repressivos do que comunistas e fascistas. Recentemente, as polícias chilena e australiana foram muito mais truculentas que a cubana e a chinesa contra manifestações opositoras e, nas décadas de 1930, os EUA prenderam e executaram mais sindicalistas e grevistas do que a Itália fascista.