Leonardo Boff, a Amazônia e o entreguismo petista

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Recentemente, o tradicional ideólogo petista Leonardo Boff defendeu publicamente a tese de que “a Amazônia deve ser internacionalizada e ter gestão global”. Sem dúvida alguma, um ultraje para qualquer patriota que tenha um mínimo de conhecimento acerca das questões candentes da Amazônia, bem como do longo histórico de cobiça das nações imperialistas pela sua conquista e usurpação.

Leonardo Boff a Amazonia e o entreguismo petista
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Ainda que possa surpreender a muitos, um posicionamento entreguista como este proveniente de um quadro ideológico do petismo não representa uma grande novidade. Afinal, desde a sua fundação o PT constitui o braço esquerdo do liberalismo no Brasil, radicalmente avesso às bandeiras em defesa da soberania nacional e do desenvolvimento econômico que por décadas hegemonizaram os segmentos progressistas brasileiros, sob a condução do trabalhismo. Na contramão de Getúlio, Jango e Brizola, ousam debater a justiça social olvidando as questões fundamentais pertinentes à defesa de nossa integridade territorial e de nossa indústria.

No campo sindical, nasceram atacando o conjunto dos fundamentos de direitos trabalhistas conquistados a duras penas pelos trabalhadores desde a Revolução de 1930. Não por acaso, Lula aludia à CLT como nada mais nada menos do que o “AI-5 dos trabalhadores”. Da mesma forma, atacava o imposto e a unicidade sindicais como instrumentos supostamente criados pelo Estado para controlar e enfraquecer o “sindicalismo independente”.

Em termos políticos e estratégicos, contribuíram para os interesses da ditadura militar ao longo do processo de redemocratização do país. No Colégio Eleitoral, que contrapôs o candidato da ditadura, Paulo Maluf, ao candidato das forças democráticas, Tancredo Neves, o PT centralizou seus representantes para que votassem em nenhum dos dois, já que ambos supostamente representavam os interesses das “elites” e da “burguesia”. Da mesma forma, seus parlamentares se negaram a aprovar o texto final da Constituição Federal de 1988. Em 1989, jogaram o jogo da direita para impedir que o nacionalismo-popular de Leonel Brizola chegasse ao segundo turno contra o principal expoente do neoliberalismo brasileiro, Fernando Collor.

Ao longo de seus governos, rifaram toda e qualquer esperança de findarmos com a hegemonia neoliberal no país, mantendo uma política econômica tão perversa quanto a dos tucanos, baseada nos interesses do grande capital financeiro e do rentismo. Assim, consolidaram um panorama de mais de três décadas de desindustrialização e de falta de perspectiva para o país, abrindo caminho para que o caos social facultasse a eleição do retrógrado e igualmente entreguista Jair Bolsonaro.

Nesse sentido, não nos surpreende que num momento de viscerais ataques das nações imperialistas ao que resta de nosso imenso patrimônio nacional, os ideólogos petistas optem por constituir linha-auxiliar dos desígnios das grandes potências. Apenas respaldam a linha liberal e antinacional que há décadas conduz as principais opções estratégicas de seu partido.

Mas a Amazônia é e seguirá sendo nossa, de todos os brasileiros, independentemente dos devaneios de tais figuras. Assim como, muito em breve, o Brasil há de retomar um caminho verdadeiramente marcado por soberania nacional, desenvolvimento econômico e justiça social, e não pelo falso progressismo da galinha que, como dizia Brizola, cacareja para a esquerda, mas coloca os ovos para a direita.