Os herdeiros do ‘jacobinismo’ florianista na Revolução de 30

Os herdeiros do jacobinismo florianista na Revolucao de 1930
Botão Siga o Disparada no Google News

Por João Pianezzola – Os reveses internacionais nos desviaram do foco, mas ainda é outubro, mês da Revolução de 30.

Importante lembrarmos de um paradoxo:

Apesar do gigantismo de Vargas, o sucesso da revolução foi o sucesso do tenentismo, das quarteladas da ala moça do exército herdeiras do “jacobinismo” de Floriano Peixoto.

Os herdeiros do jacobinismo florianista na Revolucao de 1930

Os tenentes deram aos rumos que levaram à revolução a tônica do descontentamento político, a causa libertária, e a necessidade de ação política enérgica e direta, plasmadas na noção de que o exército deveria cumprir o papel de condução.

O dinamismo dos tenentes, explicitada na longa marcha da Coluna Miguel Costa-Prestes, representava, sem dúvidas, uma força de “progresso”. Um progressismo “à bala” como diria Floriano, disposto antes a mudar pela força do que ceder ao fluxo das correntes políticas atuais.

Em contrapartida, Getúlio Vargas, que seria o realizador e sustentador da futura Revolução, CONDENOU as revoltas dos tenentes, tanto em 1922 como em 1924. Próximo do governo de Artur Bernardes, seguia a linha de seu partido (PRR), que à época buscava preservar a “Ordem”.

Os herdeiros do jacobinismo florianista na Revolucao de 1930

Mesmo que os próprios republicanos gaúchos trouxessem em si a marca inegável da preocupação social e da modernização política como herança do positivismo, enquanto parcela da mesma herança, traziam consigo o zelo religioso pela preservação da Ordem.

Os herdeiros do jacobinismo florianista na Revolucao de 1930

Essas duas tendências pareciam, aparentemente, irreconciliáveis e em rota de colisão. Acontece que a velha divisa positivista “ORDEM E PROGRESSO” foi parar em nossa bandeira republicana. Ambas vertentes aliás surgiram da mesma fonte. Marechal Floriano e PRR vieram da mesma facção do republicanismo antiliberal.

Os herdeiros do jacobinismo florianista na Revolucao de 1930

A batalha que Floriano travou em nível federal, os republicanos gaúchos, donde veio Vargas, travaram em nível regional — e venceram. Logo, tenentismo e castilhismo gaúcho, progresso e ordem, estavam fadados unir-se em prol do Brasil.

Os herdeiros do jacobinismo florianista na Revolucao de 1930

Pois o fluidismo armado e revolucionário de Miguel Costa, Siqueira Campos (e Carlos Prestes) e os demais tenentes, já estava dialeticamente unido à aristocracia sociocrática do castilhismo-borgismo e do PRR.

Em suma, a história da Revolução de 30 é a história da marcha sintética de elementos muito díspares. No próprio RS, a Aliança Liberal uniu maragatos e chimangos, suma heresia política. Nossa bandeira é bela porque é profética: ORDEM E PROGRESSO. Nossa síntese. Nosso DNA.

Por João Pianezzola

Os herdeiros do jacobinismo florianista na Revolucao de 1930