A manchete cria cortinas de fumaça para a situação. O jovem ”é negro” [eu qualificaria de pardo, de mestiço]. E o homem que o ameaça ”está armado”. Ainda bem que não citou que a policial, nesse caso, é uma mulher, para não ofender o progressismo de ninguém, não é?
⏯️ Armado, homem ameaça jovem negro em SP e policial se recusa a ajudar: “Estou de folga”. Um repórter fotográfico flagrou uma cena de violência em frente à estação Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, nesse domingo (12/11). pic.twitter.com/KdAYFUpLKf
— Metrópoles (@Metropoles) November 14, 2023
A situação não seria menos grave se o menino fosse branco como o Pixote, e se estivesse cercado por gente portando facas, ou quem sabe paus e pedras.
Tratar isso por meio de jargões identitários é, repito, cortina de fumaça. O buraco é mais embaixo, o caos é gerado pela omissão do Estado frente às injustiças.
A população tem seu senso de justiça afrontado todo santo dia, e aí reage dessa forma. Do mesmo modo, esse menino aí nasce e cresce em meio a uma sociedade movida a injustiças.
A ponta do iceberg é o garoto roubando, a população querendo linchar. Mas a corda que desce ao fundo do poço é a policial se omitindo e sendo cúmplice da situação, e ainda ameaçando com voz de prisão quem reclama do absurdo.
Quando o Estado não impõe uma ordem social e legal justa, a sociedade desce até a barbárie. O Estado é um presente divino para a humanidade. O Estado tem de promover lei, estabelecer sanções, regular as relações de trabalho, e impulsionar o desenvolvimento econômico, garantir emprego e cidadania social.
Se o Estado falha nisso, então temos esse buraco sem fundo aí.