A diferença entre conservadorismo e reacionarismo

A diferenca entre conservadorismo e reacionarismo
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Um dos elementos básicos do conservadorismo é o conceito de uma Ordem natural/espiritual que se reflete em todos os âmbitos da vida e com a qual a sociedade deve estar vinculada.

É a percepção de um Cosmos organizado, hierárquico, mergulhado em sacralidade. A defesa de certos princípios morais se dá a partir desta linha de raciocínio, não do apego automatizado a costumes tais e quais. Que tem lá sua importância, mas não deveriam ser erigidos em critério final para nada.

Do mesmo modo, a defesa das instituições tradicionais advém de sua potência para sustentar na sociedade e no Estado alguns destes elementos ordenadores da Natureza.

Infelizmente, estes conceitos fundantes do verdadeiro conservadorismo são varridos pra debaixo do tapete em nome de um conformismo e pragmatismo sem o menor sentido. E assim, o conservadorismo se torna um vazio de ideias e se limita ao papel de obstaculizar o máximo possível alguns avanços do progressismo. Resumindo, o conservadorismo se torna não uma ideologia ativa e capaz de gerar frutos, mas um mero reacionarismo.

O reacionarismo é estéril e incapaz de propor qualquer positividade. É um parasita que vai se amarrando a saudosismos indefensáveis e que tende a um filistinismo algo grotesco, ainda que disfarçado das mais belas aspirações e compromissos.

Boa parte do que se chama de conservadorismo nos EUA e no Brasil atual não passa de um liberalismo desregulado e acompanhado dos automatismos moralistas mais baixos.

Quando se olha para as raízes de movimentos conservadores europeus, como o alemão e o ibérico, o cenário é muito diferente. Bismarck tinha propostas que não se conciliavam em quase nada com o liberalismo: era monarquista e industrialista, estatista e intervencionista, paternalista e com fortes ímpetos trabalhistas. Estas mesmas tendências anti-capitalistas, estatistas, personalistas, contrárias à desregulação dos mercados, e de apoio a leis trabalhistas e a uma ordem social justa e distributivista, se encontra no forte tronco do conservadorismo português e espanhol.

Os conservadores brasileiros tem de se desvincular do falso conservadorismo texano e olhar mais para as próprias origens. É lá que vão encontrar os princípios da nossa política externa, do nosso desenvolvimento econômico, do desenvolvimento do nosso Estado e do nosso nacionalismo específico, e as mais belas produções e teorias proporcionadas pelo espírito brasileiro.

É lá também que vão encontrar esse estadista cada vez mais incompreensível para a esquerda brasileira: Getúlio Vargas.