GUSTAVO CASTAÑON: Desajuste fiscal é de esquerda só para o psolismo

Desenho em preto e branco representando uma árvore de dinheiro
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A indigência econômica é um problema na esquerda (não na centro-esquerda). Generalizou-se na Praça São Salvador a tese de que quem prega equilíbrio fiscal é “neoliberal”. A primeira ignorância básica é que esses militantes não sabem a distinção do papel do equilíbrio fiscal entre um estado da federação, que não pode emitir moeda, e a União, que pode.

Um estado da federação que não é equilibrado fiscalmente é suicida, será destruído no médio ou longo prazo e acabará pedinte da União, escravo do governo da ocasião. Perderá toda a capacidade de investir e promover políticas sociais para seu povo.

Já a União pode emitir moeda, o que faz o tempo todo, e nunca correrá risco de calote em moeda nacional. Mas isso não significa que a União deva ser descompromissada fiscalmente. Porque a moeda é uma representação da riqueza disponível, obviamente aumentar a moeda não aumenta a riqueza real, o que leva a precisar de mais moeda para conseguir trocar pela mesma riqueza de antes. Então o que o esforço fiscal faz é não alocar moeda, mas alocar riqueza real. De forma que um Estado desequilibrado fiscalmente para cobrir atividades improdutivas, como pagamento de juros ou aposentadorias, é um estado que está tirando bens materiais da produção de novos bens materiais para alocá-lo no consumo desses bens, e a longo prazo, está afundando na miséria. O outro nome disso é poupança interna.

A União deve ser equilibrada fiscalmente sim, mas não para deixar de emitir moeda. É que o aumento de base monetária deve ser direcionado exclusivamente ao investimento que gerará mais bens materiais, mais riqueza real. Dessa forma essa emissão é só marginalmente inflacionária, porque gera aumento de riqueza material também correspondente ao aumento de base monetária. Porque o neoliberalismo é contra isso? Porque quando o Estado emite moeda no fundo ele está tirando riqueza real do controle dos que detém a moeda para ele próprio alocar como quer. Ou seja, não é o desajuste fiscal que é revolucionário. É a emissão de crédito nacional soberano para investimento.