Por André Luiz Dos Reis – Demétrio Magnoli foi direto ao ponto no artigo de hoje d’O GLOBO. O liberalismo não nasce de mãos dadas com o ideal de democracia política. Pelo contrário, era visto com o governo de uma minoria de proprietários, com um ideal de representação baseado na ideia de elite ilustrada, e protegido por um sistema de mediação baseado na mídia [a “opinião pública”].
Os caminhos da democracias foram outros, embora tenham esbarrado e se coadunado com a defesa liberal dos direitos individuais e da inviolabilidade da vida privada.
Mas Demétrio vai além. Ele mostra também que a consolidação de determinado viés democrático fundamentado no sufrágio universal se associou com a restrição de liberdade do mercado apregoado pelos pensadores liberais. O Estado ganhava o direito de intervenção para dirimir problemas e desigualdade sociais. Daí que para certo estrato liberal, a democracia está indiscutivelmente vinculada ao socialismo.
Existe muita coisa a se pensar nesta linha de raciocínio. Mas chamo atenção para aquela que interessa a Demétrio, a dos empresários que foram pegos com a boca na botija defendendo um golpe para manter Bozó no poder.
Toda a argumentação de Magnoli indica, embora ele possa não entender assim, que não há nada de fascista ou neofascista no atual [des]governo. Há, isto sim, um certo viés liberal possível diante do avanço de pautas supostamente democratizantes, no sentido de igualitárias no terreno político, e intervencionistas, no sentido de estatizantes no campo social.
Bozó tem uma face “ditatorial”, de fato. O da ditadura que parte da burguesia adoraria ver para alavancar ainda mais o capitalismo liberal.
Por André Luiz Dos Reis
