A bala de prata (diamante) que abateu Bolsonaro

A bala de prata diamante que abateu Bolsonaro
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Por Eduardo Papa  – Todos os analistas sempre apontaram a grande capacidade do bolsonarismo de absorver qualquer impacto, mantendo a fidelidade canina do núcleo duro de seus apoiadores. Rachadinhas, Covaxin, cartão corporativo, Yanomamis, barras de ouro no MEC e etc. Nada rachava esse bloco monolítico que oscila entre 15 e 30 por cento dos brasileiros. Mas a forma notória de como a cúpula do fascismo sentiu o golpe da revelação do contrabando dos diamantes, deixou claro que essa sim é uma ameaça a sua coesão, certamente já encomendaram pesquisas para aferir o estrago, que presumo eu ser enorme.

Afinal como achar que um misógino ou um homofóbico venham a se indignar com a violência contra mulheres e gays? Que grileiros e seus jagunços se comovam com o genocídio de indígenas? Ou que essa nossa classe dominante predadora, carinhosamente apelidada de mercado, se incomode com o trabalho escravo? E por aí vai, para essa ralé brutal e ignorante das hordas bolsonaristas, nada que agrida aos padrões de civilidade causa espécie, aprenderam isso com o guru Olavo de Carvalho, que ensinou a malta a criticar o “politicamente correto”.

Já os diamantes das arábias são uma bomba atômica na coesão da base de apoio de bolsonaro. Nem tanto pelas evidências gritantes, com um almirante de esquadra, um coronel do exército e alguns sargentos montando uma ORCRIM para consumar o delito, a associação que salta aos olhos com a venda da refinaria da Bahia, nada disso. A característica comum entre essa súcia de homofóbicos, misógonos, sonegadores, grileiros, escravocratas, milicianos, fascistas e outros tantos, que defendem o mito com unhas e dentes é a desonestidade. A corrupção é a profissão de fé dessa gente, desde o Secretário de Segurança que trabalha para bicheiros até o miliciano que extorque o miserável nos guetos, do general mamateiro que faz qualquer coisa para manter um contracheque de milhão, até os 79 mil militares que receberam auxílio emergencial ilegalmente. A corrupção está no DNA do fascismo, por isso a usam tanto para atacar os inimigos. A grande derrota na cabeça dessas pessoas na verdade não está no peculato, mas no fracasso.

As trampolinagens do mito nas arábias foram um choque tremendo para essa gente, pois no imaginário, em seu mais profundo inconsciente, VERGONHA É ROUBAR E NÃO PODER CARREGAR! Todos sabem que a cúpula de seu movimento está a se locupletar (e secretamente os que não estão, bem que gostariam de estar na boquinha), o problema é que ridícula patuscada deixa o rei nu, está lá a prova material do crime, não são mansões compradas por laranjas, nem quantias em paraísos fiscais, coisas que sempre se pode negar. São diamantes que todo mundo pode ver, que foram retidos na alfândega por uma mula de quinta categoria, facilmente interceptada, e, apesar de todos os esforços, seu líder não conseguiu consumar o crime. Isso sim é um fracasso que não pode ser empurrado para a “bigfarma”, as urnas eletrônicas ou ao comunismo internacional. É pura incapacidade que seu líder não poderá esconder.

Por Eduardo Papa

Professor de História, jornalista e artista plástico