Não me pretendo panglossiano- otimista em qualquer cenário- , mas considero permtido constatar que a pesquisa Datafolha publicada hoje mostra espaço amplo para uma candidatura de esquerda combativa a considerar os índices dessa chamada Terceira Via. Dessa direita dissimulada em centro.
EM TODOS OS cenários, e qualquer que seja o nome apresentado, os votos branco, nulos e “não sei” aparecem em terceiro lugar, no entorno dos 10%, com os demais não chegando perto dos dois dígitos . Na melhor das hipóteses para os nomes fora da polaridade Lula/Bozo, aparece um empate com Ciro Gomes. O que se explica.
CIRO conta hoje com apoios em segmentos da esquerda nacionalista por conta da muito maior nitidez de programa anti-neoliberal que vem apresentando, no contraponto à eterna falta de transparência sobre o que realmente Lula pretende. Navegando da contestação não definida ao teto de gastos ao aceno com a abertura de capital da Caixa, única estatal não atingida pelo rapinagem do mercado, Lula coloca um pé em cada lado da pirâmide social. Sua movimentação, hoje, é para sacar uma parte do favoritismo de Bolsonaro entre os empresários e os maiores salários na classe média.
SE É FATO que Lula se ampara na alternativa mais viável de barrar o projeto bonapartista reacionário de Bolsonaro, ele não tem outro ponto de apoio sólido que não seja a memória dos espaços que abriu para os de baixo, sem incomodar os privilégios dos de cima, em seus dois mandatos. O que não é pouco diante da tragédia de desemprego e desesperança em que foram mergulhados os setores populares a partir do segundo mandato Dilma.
TORNA-SE OBRIGATÓRIO, portanto, até para que não se transforme em corruptela de um PC do B cada vez mais se encaminhando em direção a uma extinção eleitoral, que o PSOL mantenha sua tradição de candidatura própria, classista, anticapitalista, para a Presidência da República.
UMA CANDIDATURA que não tema afirmar a necessidade de desconstruir e superar o atual regime predatório e degradador de direitos sociais, com propostas concretas de transformações estruturais. Uma candidatura que garanta a sobrevivência da legenda em função das exigências eleitorais, mas que acima de tudo exerça o papel pedagógica sobre camadas oprimidas que, por alienação, se entregam aos segmentos opressores. O Congresso Nacional do Partido, no próximo dia 25, não poderá fugir a esse tema.
TEMA onde não poderá ser escamoteado o fato de que Boulos, o candidato natural após a excelente votação para a Prefeitura de SP, ter retirado seu nome do pleito maior, se lançando governador, numa clara alusão de apoio a Lula, e ter tido como resposta imediata o lançamento de Haddad, hoje em conluio com Alkimin já pensando num segundo turno onde o nome de Boulos não consta.
Luta que Segue!!