A CPI da Covid cita a Suécia de maneira mentirosa

Osmar Terra na CPI da Covid cita a Suécia
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Políticos da situação e oposição travaram um debate com base em informações distorcidas sobre a Suécia na CPI da Covid. O ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra em seu depoimento afirmou que “a estratégia da Suécia de não fazer lockdown foi um sucesso e que o país foi um dos que menos tiveram mortes no mundo”.

Esta informação não é verdadeira, mas também não é verdade – como publicado em alguns órgãos de comunicação que trabalham como armas de propaganda da OTAN – que “sem isolamento a Suécia sofria já no final de 2020 com covid-19 fora de controle, UTIs lotadas e debandada de profissionais de saúde”.

Também é mentira que “após a estratégia fracassada de combate à covid-19, o primeiro-ministro do país, Stefan Löfven, sofreu uma moção de desconfiança na segunda (21) e tem uma semana para apresentar sua renúncia.”

No momento da “moção de desconfiança” a Suécia já estava com o número de mortes por Covid-19 praticamente zerado e já era o país nórdico com o melhor desempenho na vacinação.

O real motivo da queda (ainda que em uma semana possa haver reviravolta) do governo não está relacionado a “estratégia fracassada” como a imprensa de propaganda insiste em publicar. A verdade é que para que este governo fosse formado, houve uma composição com partidos liberais e também o partido de esquerda (Vänsterpartiet).

Ocorre que a única condição imposta pela esquerda para a formação do governo do Social-democrata estava relacionada as questões mais importantes para os inquilinos. Ou seja, os preços dos aluguéis deveriam seguir sob o controle do governo para evitar a disparada dos preços.

O Partido de Esquerda defende a construção de cerca de 80.000 casas por ano, por – pelo menos 10 anos. Por iniciativa do Partido de Esquerda, o Riksdag decidiu que pelo menos metade de todas as novas construções deveriam ser de aluguel de moradias, o que significa que o ideal seria chegar a 40.000 unidades de aluguel por ano.

O Vänsterpartiet desenvolveu uma política de habitação concreta com um claro enfoque nos direitos de locação. Eles vêem o desafio da questão do financiamento e estão tentando resolvê-la com empréstimos do governo e maior apoio ao investimento.

O Social-democrata negligenciou esta única exigência da esquerda e chegou a esboçar um documento dando às empresas privadas do setor imobiliário todos os poderes para o setor. Com isso, não houve outro caminho para a esquerda que não fosse impedir este avanço contra uma conquista trabalhista histórica na Suécia.

Curiosamente, o agora ameaçado de perder o cargo, Stefan Löfven é um ex-sindicalista e tem sido um verdadeiro “Cavalo de Tróia” nas questões que os trabalhistas (origem do Social-democrata, partido de Löfven) jamais aceitam perder o controle.

Esta postura do Vänsterpartiet deveria servir de referência para os partidos do chamado “campo progressista” brasileiro, pois a insistente negociação com o chamado “centrão” tem sido um desastre para as soberanias nacional e popular no Brasil.

Após esta decisão do Vänsterpartiet há dois caminhos possíveis, convocação de novas eleições ou um novo acordo político. Este segundo muito pouco provável. Na próxima semana saberemos como será resolvida esta crise.

Por agora, fica a recomendação para que os políticos brasileiros deixem de ser manipulados por uma imprensa internacional que distorce os fatos (e nacional que repercute) em defesa de interesses alheios aos do Brasil e brasileiros.