A CPI da Covid escorregou na casca de banana jogada por Fabio Wajngarten

A CPI da Covid escorregou na casca de banana jogada por Fabio Wajngarten
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Por Fred Sobral Bastos – Escrevo esse texto antes do encerramento da sessão da CPI da COVID designada hoje para ouvir o ex-Secretário de Comunicação (SECOM) da Presidência Fabio Wajngarten. Ainda assim, já parece claro que – como disse o senador Marcos Rogério em coletiva – “a oposição escorregou na casca da banana”.

Vejamos. Conforme noticiado pelo jornal O GLOBO quando da demissão de Wajngarten, o ex-SECOM colecionava inimizades com outros integrantes do governo Bolsonaro, a exemplo de Fabio Faria, Luiz Eduardo Ramos, mas principalmente o então responsável pela pasta da Saúde Eduardo Pazuello. Já na época, noticiou-se que os conflitos entre Wajngarten e Pazuello tinham como pano de fundo as vacinas da Pfizer.

É de se supor que, com a instauração da CPI da COVID, o ex-SECOM tenha passado a temer que seus desafetos no Planalto jogassem para o Senado as acusações de que Wajngarten atuou como lobista da farmacêutica estrangeira. O próprio Wajngarten, ao responder questionamentos do senador Alessandro Vieira, afirmou ter se decepcionado por “não ter tido defesa enfática” quando de sua saída.

Nesse cenário, veio a famigerada entrevista para a Revista Veja. À luz de agora, fica clara a intenção de Fabio Wajngarten. O ex-secretário – de forma calculada – se apresenta como alguém que poderia pregar Eduardo Pazuello, mas sem nunca fazê-lo em definitivo. Seu objetivo: mostrar que reagiria contra eventuais investidas.

Ao que tudo indica, as inseguranças de Fabio Wajngarten foram sanadas entre a entrevista e o dia de seu depoimento. Ao contrário do homem bomba imaginado pela Oposição, apresentou-se de forma evasiva, defendendo o governo e apontando suas críticas genericamente à fantasmagórica e indeterminada burocracia do Ministério da Saúde e do governo em geral, sem apontar ninguém específico.

Os senadores opositores a Bolsonaro se irritaram. A exemplo de Randolfe Rodrigues, Fabiano Contarato e o próprio Relator da CPI Renan Calheiros, passou-se a bradar pela prisão em flagrante de Wajngarten por falso testemunho. A prisão só não se concretizou porque o Presidente da Comissão Omar Azis – ao contrário de Renan – não se esqueceu dos efeitos de se usar de forma açodada o Direito Penal na disputa política. Lembrando das próprias acusações já recebidas, Azis declarou que não seria carcereiro de ninguém.

Como se para dar mais um conforto ao ex-Secretário, Flavio Bolsonaro invadiu a sessão para defende-lo de ser preso por um vagabundo, nas palavras do 01. A família Bolsonaro dizia implicitamente que não deixaria um dos seus pelo caminho. Pelo histórico, convém a Fabio Wajngarten não acreditar.

Por Fred Sobral Bastos