A intimidação contra Ciro Gomes e o entreguismo escancarado do Ministério da Defesa

A intimidacao contra Ciro Gomes e o entreguismo escancarado do Ministerio da Defesa
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Na última semana, em entrevista à rádio CBN nacional, Ciro Gomes se pronunciou sobre as mortes de Bruno Pereira e Dom Philips na Amazônia, escancarando um fato óbvio: o governo Bolsonaro é omisso em relação à região e fecha os olhos para o crime organizado. Essa omissão, destacou Ciro, é resultado de uma parte das Forças Armadas totalmente cooptada pelo bolsonarismo na sua forma mais tosca e entreguista. Uma parte do Estado brasileiro, que deveria zelar pela nossa soberania territorial está entregue ao jogo mais sujo da agenda ideológica entreguista de Bolsonaro. Essa declaração de Ciro gerou uma reação forte do Ministério da Defesa, que anunciou que irá processar Ciro pelas declarações dadas, insinuando (de forma bastante desonesta) que ele se referiu ao conjunto das Forças Armadas quando fez sua crítica.

Em tese, um país continental e aspirante a potência como o Brasil não pode abrir mão de ter forças de defesa bem equipadas e participantes de um processo de soberania, mas o que vemos no Brasil é um papel completamente deturpado do que as Forças Armadas deveriam representar. Ao invés de estarem subordinadas à Constituição de 1988, alguns grupos, oriundos do grupo de Sílvio Frota e da ala mais entreguista e reacionária das Forças Armadas entraram de cabeça no projeto ideológico bolsonarista. Que projeto é esse? Entregar o Brasil para o estrangeiro enquanto tira um pedaço da fatia para si, como foi o caso da Eletrobras e pode ser o caso da Petrobras, Correios e outras estatais. Todo aquilo que foi construído pelo desenvolvimentismo de Getúlio Vargas para modernizar o Brasil enquanto uma nação soberana está sendo destruído por setores que não têm nenhum compromisso com a soberania nacional. Além disso, ameaçam nossa integridade territorial ao permitirem estados paralelos operando, como é o caso das milícias no Rio e o próprio caso da Amazônia.

Enquanto o Brasil se apequena como nação, esses setores entreguistas das Forças Armadas trabalham como escudo do bolsonarismo, se utilizando de táticas de intimidação para calar seus opositores, especialmente Ciro Gomes, aquele que mais fala em soberania nacional dentre os pré-candidatos. Por que esse esforço em calar Ciro? Dos pré-candidatos, o único que entende realmente o papel das Forças Armadas em um país continental como o Brasil é ele. Ao contrário de uma esquerda que perdeu completamente a noção da discussão de soberania nacional, Ciro entende que o papel das Forças Armadas pode estar aliado a dois pilares centrais do seu projeto: o desenvolvimento econômico e a defesa da soberania nacional.

Ciro, como bom leitor do desenvolvimento econômico contemporâneo, entende que o Estado brasileiro deve ter um papel de indutor do desenvolvimento econômico fazendo com que a política crie novas ferramentas institucionais que direcione as energias e os recursos do estado e do setor privado para a criação de novas tecnologias e para o desenvolvimento econômico, gerando empregos de maior renda e ajudando o Brasil a se transformar de um país agrário para um país industrializado e desenvolvido. Nas melhores experiências de desenvolvimento econômico da atualidade, as Forças Armadas contribuíram para projetos de grande tecnologia em seus setores que depois foram aproveitados para alavancar a produção de produtos altamente tecnológicos no setor privado, como bem descreve Mariana Mazzucato em seu livro “O Estado empreendedor”. Isso ajuda a colocar as Forças Armadas ao lado de um governo que pensa o desenvolvimento, mas faz com que ela faça parte desse desenvolvimento, permitindo uma maior ligação com a defesa da soberania nacional. Esse último ponto é a chave dos ataques a Ciro.

Os setores entreguistas e cooptados pelo bolsonarismo sabem que Ciro tem toda a capacidade de puxar um pedaço muito grande de setores comprometidos com o Brasil nas Forças Armadas e precisam, de forma urgente e usando a máquina do Estado brasileiro para isso, simular um embate com Ciro para que ele se coloque como adversário das Forças Armadas como um todo. A questão aqui é simples: se ele for ouvido, ele conquista uma boa parte de quem já está incomodado com o bolsonarismo e abre uma rachadura no casco de um governo à deriva e sem qualquer perspectiva. Será que ele vai conseguir esse feito? Os verdadeiros nacionalistas anseiam por isso.