Brizola, o PT e o nacionalismo

Brizola o PT e o nacionalismo
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Por André Luiz Dos Reis

“Esse Lula é um bobalhão.”
Leonel Brizola, em janeiro de 1987

Ainda que conte com muitos patriotas e nacionalistas em suas fileiras, a história da corrente dominante do PT confirma a frase de Leonel Brizola de que o partido exerce o papel de uma “UDN de tamanco e macacão”.

Dividindo o campo popular quando da redemocratização, Lula foi inflado pelas correntes reacionárias que queriam afastar a possibilidade de Leonel Brizola, principal herdeiro de Getúlio, retornar ao governo federal.

Porque a elite nunca teve medo real do PT. Sempre temeu, isto sim, o Trabalhismo, com sua agenda nacionalista, comprometimento popular, e profundo e radical desprezo pelo imperialismo e pelo colonialismo mental.

O petismo cresceu no cenário político-partidário praticando um tipo bem específico de lacerdismo, com discurso moralista anti-corrupção que apresentava os próprios quadros como únicos detentores da virtude e da representação dos trabalhadores.

Sérgio Moro, linha de frente da República de Curitiba e de seus aliados na grande mídia, voltou contra Lula o mesmo discurso que o PT usou e abusou em seu caminho para galgar o poder. Afinal, o tempo se encarregou de mostrar o quanto esta pregação tinha de engabelação e hipocrisia ao revelar os imensos esquemas de corrupção do “partido da ética”.

E traria também a revelação do acerto de Brizola ao definir Lula como um cavalo de Tróia da direita que, ”vindo de baixo”, possuía a intenção de implementar o mesmo programa do PSDB de Fernando Henrique Cardoso. “O Lula já tem até um visual de direita: fuma charuto, está gordo e não trabalha. Está se aproximando rapidamente de uma prática pessoal de direita”, dizia ainda em 1994.

Uma vez no governo, o lulopetismo revelou sua verdadeira face ao consolidar um cartel de bancos, desindustrializar o país, propagandear consumismo como sinônimo de “boa vida”, vender a ilusão de uma “nova classe média”, importar a pauta identitária ligada ao soft power ianque, e substituir gradualmente boa parte das conquistas sociais do Trabalhismo por programas assistencialistas copiados de manuais neoliberais.

Nem a tática de se apresentar como única opção frente ao “fascismo”, um rótulo que o lulismo também aplicou a Getúlio, pode ser considerada novidade. O “fascista” de ontem, Geraldo Alckmin, é o vice da chapa de Lula contra o “fascista” de hoje, Jair Bolsonaro. O PT cria e vende uma falsa polarização em busca de hegemonismo enquanto se torna capataz do rentismo.

Lula comandou de dentro da cadeia a sabotagem às demais alternativas nacionalistas, como já havia feito antes contra Leonel Brizola, preferindo entregar o país nas mãos do amigo de milicianos e neoliberal Jair Bolsonaro, que de certo modo deve sua força eleitoral ao repúdio em relação ao identitarismo pós-moderno com que o lulopetismo manchou a imagem da esquerda na visão de grande parte da população.

As correntes nacionalistas do PT, subalternizadas na condução da legenda, perderam nos últimos anos uma excelente oportunidade de mudar os rumos desta história. O PT continua firme nas mãos do mesmo núcleo cujo projeto nos legou quatro décadas perdidas, esgarçamento social jamais visto, e um desastre institucional e de representação democrática que coloca em risco a nação nas próximas décadas.

O Brasil precisa se desvencilhar desta farsa. Assim como ontem, o udenismo precisa ser denunciado para que os apetrechos e balangandãs com que esta ideologia nefasta pretendeu ocultar sua natureza deixem de iludir os desavisados do campo nacionalista popular.

PÃO, TERRA, TRADIÇÃO!

Por André Luiz Dos Reis

Publicado pela Frente Sol da Pátria